sexta-feira, 13 de julho de 2012

Por tudo mais

Eu não nasci gata, gostosa, sarada... Nasci pobre, pobre de marré, marré... Fora as longas cabeleiras, que por um longo período foram podadas por mim, nada mais chamava atenção. Sou sem gracinha, mas não sem sal. Não tenho nada que faça os homens me disputarem e batalharem por mim. Por essas razões não pude dar o golpe do baú e casar com um homem rico. Não pude virar maria chuteira e me divertir com inúmeros jogadores de futebol. Não pude enfeitiçar os homens a bancarem minhas vontades e distrações. Mas, sinceramente, NUNCA QUIS!!
Porque nasci digna e constantemente lavo a boca com sabão. Adoro arregaçar as mangas e enfiar a cara no trabalho, no estudo, em projetos, no samba e no rock. Fico orgulhosa de abrir a bolsa e pagar as minhas contas, além de abrir a boca para defender o que é meu. Ninguém pode apontar o dedo na minha cara e me acusar de periguete. Não dá nem pra eu me distrair, porque cair do cavalo exige tempo de recuperação, então se for pra cair que seja de sono. Se for pra eu me decepcionar, que seja para aprender a ser melhor.
Porque posso chorar por amor, pelo cara feio, sem graça e sem juízo. Mas jamais por um golpinho por uns trocados não terem dado certo. Posso entrar e sair de casa, estar sozinha ou bem acompanhada por quem realmente me interessa. Posso rir até a barriga doer das besteiras da vida, dos amigos e de minhas indiscrições. Mas os sorrisos são verdadeiros , fortes e fartos.
Posso ter medo do escuro, mas jamais de ser pega na mentira de um golpe qualquer. Posso comprar um livro interessante, para não me divertir com mensagens pornográficas. Isso pode se chamar independência, modernidade, fuga, ou outra coisa qualquer, mas eu prefiro chamar de minha liberdade de expressão. Por isso, não venha me dizer o que eu sou, devo ser ou deixar de ser, porque só o que é louco me interessa!
E por todas essas razões sou inteira, porque ser pela metade enjoa!!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Divagações transloucadas

Ela deu um sorriso, balançou o longo cabelo, vestiu-se e passou a apreciar a lua. Depois, lentamente, ofereceu-lhe um chá e saiu. Demorou várias horas. A bruma cintilava, o sorriso não se desmanchava e ela permanecia envolta em um misterioso e desalentador sorriso. Voltou tão imperceptível, como saiu.
Por vários instantes, ele tamborilou os dedos, ansioso, engenhoso, querendo ser mais que uma tecnologia. Chamou Karl, quis saber o porquê de ser o resultado do que é. Estava indignado com a ausência do hibridismo, da criação coletiva e protestou sobre o poder místico criado em volta de algumas pessoas. Enquanto (não) degustava de sua ânsia permanente, coisas que só os gênios vivem, rabiscou um protótipo de um helicóptero, ultraveloz, leve e antibomba. Amassou o papel, desvalorizando sua criação, tal qual os industriais, que não sabiam de onde certas ideias tinham surgido (e eram dele).
Lisa espreitava a conversa pelos cantos, inócua, tentando não transgredir, mas lutando para ser mais que algo surreal. Cada vez que era solicitada, buscava flertar com as brechas, que lhe permitiam ser mais que um ponto de tensão naquela conversa, naquele ambiente fantasmático. Mickail surgiu, antes que Karl lhe convecesse sobre a passividade da formação humana, e lhe disse sobre a transformação pela linguagem. Ele podia, portanto, ser sim mais do que um. Ser dois, ser duas faces, ser dois seres. Ser dois em um.
Loucura! Vender as medidas perfeitas, no afã do homem vitruviano, podiam fazer de mim, Piero, um homem ilustre? Os seres mitológicos eram-lhe mais poderosos pela sua ausência de tecnologia, pois o poder lhes vinha de dentro, não de máquinas limitadas pelo ponto de chegada da mente. Eram puros, também, e como isso lhe doía.
Lisa começou a inquietar-se e seu desassossego, o empurrou para frente do espelho. Sua inconsciência, era seu próprio consciente. Sua face, seu sorriso, sua áurea de mistério eram ele. Ele era híbrido. Ele era ela. O lago que Narciso se afogou refletiu-se em seu olhar. Já bastava de viver a vida tentando ser o gênio, a confirmação da soberania masculina, a inveja do mistério feminino. Queria dizer de si, mostrar o outro lado de sua alma, casada com seu Outro. Despiu-se e vestiu-se de sua fantasia secreta. Deslacrou-se. Mickail percebeu a que convergiu sua interpelação pela linguagem. Karl reforçou sua lógica da atividade e passividade. Era o descontrole, o caos, pairando a favor do controle total. As portas ficaram cerradas por dias. De dentro o que se ouvia era seu pedido de paciência, pois estaria terminando a obra que lhe consagraria, dentro de tantas consagrações e enigmas.
Ao sair, mostrou-se através de sua pintura, mas no lugar de compreenderem que a obra não era mais que o imaginário feminino de si próprio, buscaram interpretar o sorriso misterioso de lisa e descobrir quem era a moça retratada naquele quadro. Ele preferiu o silêncio, porque ainda é caótico um ser humano ser visto cmo híbrido numa sociedade de metrossexual.
O sorriso retratado revela, que ela sorria, mas não se sabe se era feliz!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

"E ele só tinha '6' que isso sirva de aviso pra vocês"


Trafegando por "O Bloggus", achei esse texto de um dos caras mais geniais da cultura musical brasileira. Como o magno havia indicado parte da biografia de Renato Russo na Wikipédia, também resolvi dar uma garimpada atrás de textos que escapam ao imaginário coletivo. A quem interessar basta dar uma olhadinha na história de Renato Russo no endereço http://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Russo