sábado, 26 de novembro de 2011

Eu era um lobisomem juvenil

Acredito que essa música deva refletir todos os turbilhões de emoções que me pareciam tão evidentes em Renato Russo. Sem dúvida uma obra prima em forma de declaração de amor. Uma das coisas que me marcaram demais em suas músicas-opiniões-depoimento foi o incentivo a pensarmos o quanto a vida é curta e por isso devemos viver intensamente, caso contrário iremos deixar a outra metade de nós em conflitos duvidosos. Salve, renato!!!  

Eu era um Lobisomem Juvenil

Luz e sentido e palavra, palavra
É que o coração não pensa
Ontem faltou água
Anteontem faltou luz
Teve torcida gritando
Quando a luz voltou
Não falo como você fala
Mas vejo bem
O que você me diz...
Se o mundo é mesmo
Parecido com o que vejo
Prefiro acreditar
No mundo do meu jeito
E você estava
Esperando voar
Mas como chegar
Até as nuvens
Com os pés no chão...
O que sinto muitas vezes
Faz sentido e outras vezes
Não descubro um motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte
Do meu mundo...
O arco-íris tem sete cores
E fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões...
Qual foi a semente
Que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito
O que está acontecendo
E daí, de hoje em diante
Todo dia vai ser
O dia mais importante...
Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...(2x)
Não digo nada
Espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou
Me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar
Tão preocupado assim...
Mesmo se eu cantasse
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato...
Mas se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...{4x}
Ou então não terás jamais
A chave do meu coração...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

UFPA = minha vaidade peculiar

Hoje saiu o resultado da unama, vi festas, gente suja, histeria rolando solta... Vi gente significando o que é uma emoção de vencer etapas e de sentir o sabor de uma missão cumprida. Para alguns se sentir na sala de aula de um curso superior significará dizer made in ensino médio, para outros representará apenas e grandiosamente estar lá.
            Essa festa, os gritos, o cheiro ruim da sujeira que só quem já foi calouro sabe, remeteu-me a minha própria lembrança de festa de vestibular. Lembrei-me da trajetória completa feita desde a ansiedade em esperar pelo resultado da universidade mais concorrida do estado do Pará: a UFPA, até os caminhos percorridos que me levaram, ou me trouxeram, até aqui: vésperas da defesa do minha dissertação pelo meu título de Mestre.
            A espera do listão já é coisa de louco, afinal ser um dos contemplados das 4.000 vagas, quando 42.000 concorrem por elas não é fácil, aliás não é para qualquer um. E ouvir seu nome, quase não ouvindo, escapando da boca do locutor, que se quer sabe de sua existência, definitivamente não tem preço. Uma vez lá dentro, experenciando as aulas dadas e as faltas históricas delas, nos tornam alunos de uma elite estudantil questionável sim, mas sempre forte diante de argumentos vazios partindo, em sua maior parte, de quem não conseguiu seu lugar no céu. Dos outros fatos, como número reduzido de bolsas; estrutura ainda por melhorar, como acontece em nossa própria casa; a exigência de horário noturno que não há nas secretarias dos cursos, como em todo órgão público, são detalhes frente à beleza, clima e cheiro bom e capacidade da grande concentração de professores-pesquisadores que estão ali e que lutam pelo desenvolvimento da Amazônia. Em quao outra instituição de ensino superior tem em horário nobre o "Minuto da Universidade" comprovando e divulgando as pesquisas desenvolvidas?
            Ah... e não posso esquecer um precioso detalhe: na minha Universidade tem uma cidade e um rio por onde eu adoro navegar. Lugar onde me criei intelectualmente, fiz fortes amizades, aprendi a ser corajosa e a me fortalecer ao entoar: Ih, foi mal, mas a minha é Federal!!!

E pra começar, eu só vou gostar de quem gosta de mim...

Quão grata me soou essa manifestação de amizade via e-mail:

“To chateado com o Thomas, Porra!! Como é que ele separa o Cris e o Greg na qualificação....rsrsrsr. Vou fazer o possível pra estar na tua apresentação. Vc tem se demonstrado uma pessoa muito companheira, tenho muito a te agradecer. Por isso eu digo: FORÇA A GENTE VAI CHEGAR LÁ!!!!! FALTAM POUCOS MESES PRA NÓS SERMOS MESTRE PORRA!!!!!!! Bj. Nélio”


            Aaahhh... uma mensagem dessa justo no momento que eu mais estou julgando, ou talvez subjugando, o que se trata ser amigo, é no mínimo motivadora. Essa semana toda passei atordoada com certos comportamentos e atitudes, que já haviam me deslocado de meu habitual autoisolamento. Não é a primeira vez que digo que sou observadora com os amigos, mas talvez seja a primeira que digo que creio que entre o “ser meu amigo” e “ter minha amizade” há uma diferença nada trivial.
            Não consigo subtrair como rotineiro, que hoje és meu amigo e depois, e mais uma vez, teu discurso vem e te coloca na esquerda para bater um escanteio que nunca vai ser cobrado e que talvez nunca existiu. Detesto, isso mesmo, detesto quem se comporta menosprezando evidenciando que o fulano é mais seu amigo, tem mais sua amizade, é melhor do que você, mesmo que você se esforce para ser bom amigo. Cara a cara com outro fica revelador o quanto você é só mais um na multidão e que nada mais importa. É foda! É foda e me deixa puta da vida!
            Não estou cobrando amizade, mas comensurando consideração. E também não vou aproveitar esse espaço para fazer um tratado sobre o que é ser amigo, pois estou vendo que não é ser amigo o que importa, mais o quanto se faz valer uma amizade.
            Antes de receber esse email, estava me dizendo que nunca se deve trocar um amor velho, por um novo. E lembrei-me de meus velhos cartões postais com aqueles que sempre tiveram minha amizade, isso mesmo, minha amizade e que hoje posso dizer que também são demais meus amigos. E são amores velho, de infância, de adolescência, pessoas com quem sempre me importei e para quem eu sei que me importo. Pessoas que senão me ligam todos os dias, se fazem presente quando querem afagar ou receber um afago.
            Mas, enfim, a vida de tão corriqueira que é, também vem mostrar quão corriqueiros são os relacionamentos, coisa que eu não consigo suportar. Porque eu sei ser amiga e sei dar minha amizade, na mesma medida que sei receber. Preciso destacar, contudo, que esse email veio para me alertar que devo reparar que não é só o tempo que te traz amizades sinceras, mas a força com que esses nós são atados, quando você entende que alguém merece sua amizade e que vale à pena se doar a ela.
           Ter um alguém que é mais amigo do que outro, não autoriza a falar o que quer quando bem entender. Mas isso ter acontecido mais uma vez mostra que devo aprender a não me importar tanto, afinal eixte uma grande diferença entre ser amigo de alguém e ter sua amizade num custo que vale à pena qualquer sacrifício, sem que para isso algo seja colocado em jogo, ou em faces!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Minha homenagem a minha Daniele Silva

Seca essa chuva, tira o sapato, resgata teu tempo, solta essas asas e vai...
Mergulha bem fundo, volta à infância, grita teu não e um desespero de sim.
Junto um punhado de vida nas mãos, solta no tempo e vê que o tempo não é tão retórico assim...
Cultiva realidades, planta uns sonhos, solta esse peito e senta aqui, bem aqui no teu jardim...
No meu jardim se perde, vira uma mata selvagem, goza bem devagar...
Arde no sol, recomeça de novo, muda teu tempo, de leve num tamborim...
Solta de vez essa lágrima lacrada... esmurra esse peito dengoso... engrossa a voz e encara a estrada...
És menina tão grande menina, a minha menina, da poesia que ainda não escrevi.
E se sais de cena, retoca a boca, se retoca louca, incha os olhos e repinta o que ainda não disse de si...
Mas se hoje é festa, nem toca, nem congela, nem desisfesta o grito explosivo que nem me deixa ouvir..
Faz tua vida de novo nesse ano.. de novo que nem é tão novo assim
Me pede de novo o que não queres ouvir, mas me deixa na tua vida
Como um carma, um carma de mim...
E se assim meio sem jeito te digo, moleca, feliz aniversário, num grito estrondoso intimidado daqui
Mas sente em teu peito todo amor dessa tua amiga, mãe, irmã, que te ama inexplicavelmente
Como parte extensiva de mim...
Parabéns!!!

domingo, 20 de novembro de 2011

Memórias, Crônicas e Declarações de Amor

Ele é intepestivo e irracional. Acho até que imaturo emocionalmente. Mas não enxerguei isso há tempos perdidos. Sua presença era marcante, desde o olhar perdido na rede com um livro que se esquece de ler e tão viva na rede social que não me permitia esquecê-lo.
Mas ontem foi esquisito. Nunca tinha decidido não querê-lo mais. Eu o queria desde sempre, silenciosa, pequena, num volume de permissões, que me tornavam generosa em querer ter sem nem ao menos me querer bem. Só me importava tê-lo, desde que eu estivesse inteira, ainda que ele pela metade.
Mas ontem foi esquisito. Toda a memória contada dele teve um peso que me doeu nas costas. Suas histórias de amor, que nunca me importaram, vieram como um grito de alerta. Seu comportamento trivial em se tratar e em se destratar atravessaram-me como metáforas doloridas e esquisitas da heresia. E tê-lo deixou-me de ser tão importante, embora eu tenha sonhado uma noite inteira e bem dormida com ele essa noite.
Mas ontem foi esquisito. Ele não desejar meu beijo, depois das certezas canônicas que só eu respirava, doeram-me demais. Uma dor passageira, pois ainda acordava e pensava em uma ligação e um convite. Um pedido e uma paciência para me entender, compreender e me querer também.
Mas ontem foi esquisito. Eu não o desejei mais. Os sonhos cessaram. A vontade passou. A lembrança calou. A admiração morreu. As certezas vieram. As convicções se negaram...
E tudo porque ontem foi esquisito... Vê-lo se desmerecer e se enterrar em mais um erro, mecheu com minhas denotações tão leais a respeito dele: achava que ele fosse um cara que daria certo, um cara para andar de mãos dadas e se orgulhar de tê-lo do lado. Um cara para apresentar as outras garotas e despertar um pouquinho de atenção. Um cara que seria meu companheiro e de quem eu me orgulharia ser parceira. Um cara a quem eu farias dormir com afagos no cabelo e o faria se perder com declarações de uma paixão. Um cara para eu me perder e me achar... Um cara para chamar de meu!
Mas ontem foi esquisito. E agora ele parace habitar meu silêncio penoso de um olhar que não se deslumbra mais por ele, que não cativa, nem cultiva minha admiração apaixonada...
Ele hoje está nas minhas memórias crônicas e nas minhas declarações de amor curadas. Tudo graças(?) a ontem que foi tão esquisito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Repaginando-me sempre

Tem coisas quem me dão um prazer indescritível, bem como há aquelas que me dão raivas inexplicáveis. Mas como creio piamente na felicidade, nos prazeres da vida, em que tudo se resolve brevemente quando cremos que podemos ser feliz, busco não lapidar certas coisas e nem ligo se me chamam de louca descompensada, espalhafatosa, retardada...
Acho que tem várias formas de recebermos a Graça Divina, ela pode estar na simplicidade das coisas ou no plural delas. Uma barra de chocolate, um vento no rosto, um telefonema inesperado, uma fome saciada, um abraço fraterno, um consolo materno, enfim... Ela pode estar na tentativa de substituição, de compensação, mas ela está sempre nas menores coisas e nas maiores também. Mas como sempre fomos domesticados para a ambição e ao mesmo tempo para o conformismo, nos tornamos atrapalhadamente desregrados para dizer nãos, quantos forem suficientes, àquilo que nos faz mal.
Uma loucura é o que vivo! Gosto do riso alto, entretanto grito alto quando não gosto e saio resolvo e vivo. E se não tiver deixo pra lá, saio de cena. Tenho pavor de dizer que amo desde sempre algo, quando seria evidente às pessoas que meu querer de uma hora pra outra é uma necessidade autoafirmação. Creio até que fuga de mim mesmo.
Bem, hoje estou na contramão das coisas e revendo certos conceitos. Certas amizades. Certos acertos. Certos erros. Crenças em pessoas que se desfizeram em suas verdades, como se elas fossem uma mentira pairando no ar até agora. Mas isso me da uma prazer gigante, pois mostra como ainda estou atenta e lúcida às coisas da vida, aos detalhes que nos movem e como ainda posso significar e resignificar tantas mil coisas que rolam por aí.
E como também ainda posso crer no riso por nada escapado de um hora pra outra. Como é bom o danone comido com o dedo e o biscoito furtado na madrugada. Ficar até tarde me maquiando e imaginando o que ele sentiria se me visse assim tão deslubrante. Comer meia barra de chocolate e nãop sentir culpa. Ser gordinha e não ligar aos padrões da globo... Ser feliz rolando na areia, chorando pro alguém, escutando música alta e até escrevendo nesse blog.
Ser feliz é uma capacidade de expressão e de viver e saber dizer não aos trechos maus cantados da vida que quem dita o ritmo somos nós mesmo.
Bom dia!!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eduardo e Mõnica

Essa música é muito dez. Lembro que eu, a Marla e o Reinaldo escutávamos e cantávamos andando na rua. Coisas de adolescente mesmo. Quando não, nós com mais outros amigos, nos reuniamos e iamos cantar Legião Urbana com o Edil no violão... era tudo que há de máximo. Da uma saudade enorme, uma vontade de chamar os amigos e curtir a vida tal qual era antes.

Depois de muito escutar, fui entender porque foi o filhinho de Eduardo que ficou de recuperação...

Eduardo e Mônica

Legião Urbana

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"
Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal", não agüento mais birita"
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo"
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz
Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação
E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O sábio exercício da morte

Tudo acontece há um certo tempo e nem nos damos conta de quanto tempo perdemos. Não aquele tempo cronológico, mas o empreendido, e desperdiçado e despedaçado, nos pensamentos, nos eforços de um encontro proposital, nas agunias de um telefonema não recebido, que na sua espera de meio em meio segundo olhamos para o visor angustiadas em saber se não perdemos uma ligação... justamente a ligação dele. Até nos darmos conta de que ele jamais ligará para dizer o que sente. Talvez ligue para um saída, para um saber como se passa, mas só... para saber da gente não lhe interessa, porque em muitos casos ele é mais gente do que a gente. Ele é mais presente em nós do que nós mesmos somos.
Hoje, uma garotinha de 9 anos morreu atropelada. Ficou desconfigurada e de dentro do ônibus a comoção pela visão cruel de seu corpo destruído durou nada mais que 5 minutos. Depois todos voltamos aos "nossos lugares". Quem escutava música, recolocou o fone no ouvido. Quem lia, reabriu o livro. Quem conversava, retomou a conversa. E quem estava em silêncio, em silêncio continuou a viagem. Uns minutos depois a mãe de um amiguinho de escola do meu filho, sentou-se ao meu lado e me trouxe de bagagem mais uma notícia de morte. De outra criança, que engoliu uma bolinha e morreu asfixiada. Contou-me do desespero dos pais e até deixou escapar uma lágrima. 15 minutos depois ofereceu-me um empréstimo consignado.
É incrível, ninguém se importa com a morte, mais de quem a sente. Podemos nos solidarizar, porém nossa vida segue, o barco segue, o tempo segue. Senão seguirmos pairamos no ar e quem se inscreve é o passado, que se torna tão forte e horroroso que pode nos matar. Quando deixamos um amor, uma paixão tomar tanto tempo de nossa vida, estamos enterrados sem saber. É preciso morrer para algo, para deixarmos que outra coisa viva. Essa angústia de tempode desperdiçado por alguém que não nos quer é um rancorzinho danado, que não nos permite seguri. Cretinice pura, afinal só vale à penas estar com que nos quer.
É o exercício da escolha: quando você escolhe um caminho, nega o outro. E para mim isso é o exercício da morte: quando você mata uma coisa, deixa que outra viva. É difícil. Mas nesse nascer um resgate de nós, uma parte de nós que nem conhecemos se apresenta, mostra-nos outro caminho, vem com outro fôlego, da outros brilhos e nos conduz a outra história, que nada mais é o encontro com alguém que deixamos para tras, que matamos para que essa história que atormenta venha. E assim como sabemos a hora de começar, a hora do fim deve se apresentar coerente e cruel. Mas e daí?
O pior é que quando estamos caminhando no erro, na morte insolente que ilude e nos deixa achar que a vida está correta. É claro que como toda e qualquer boa ilusão, caminhamos achando que tudo está bem, mas quando vem a dor, ou as dores, é hora de morrer, é hora de se resgatar e se oprtunizar viver... grande, gigante e serenos...
Porque a vida está de passagem e não nós. E todas as chances e coisas que vivemos ontem, morreram para nós, então que história inúteis morram também e que nos deixemos experimentar pelo desconhecido que só quem está vivo sabe deliciar-se.

domingo, 6 de novembro de 2011

Minha cara de pau?

Acho que preciso redimensionar certos valores e autojulgamentos. É incrível como aquilo que deveria despertar nas pessoas o prazer do bom convívio, o querer ter alguém do lado, funciona exatamente ao contrário: sinceridade. Daquela, assim, transparente mesmo, dado como pagamento ao preço de uma pergunta ou aplicada como força de boa conduta.
Mas não. Noto cada vez mais que as pessoas não sabem lidar com essa qualidade, porque não gostam de encarar a verdade em sua transparência estonteante. Acho mais conveniente encará-la e saber os solos por onde passo, do que simplesmente ir na dança fingida de que está tudo bem, que minhas atitudes valem à pena, de que eu me pseudoinventar em outra pessoa e encarar outras máscaras.
É claro que eu sei o preço que pago por isso. Já fui chamada de antipática, porque simplesmente no pé dessa pergunta "você está me chamando de fofoqueira?" ajoelharam-se e não souberam rezar. Já fui chamada de arrogante por simplesmente dizer que meu pensamento era voluído para permanecer em certos tipos de conversas, em patotas de amigas que não dizem nada além  da melhor roupa e qual a fulana da vez para falarmos. Isso para mim é falta do que fazer e como afazeres não me faltam, sugeri que buscassem também, que aí sim apareceriam assuntos que não estariam aquém das fofoquinha de cumadre.
Também sou super chamada de atrevida (para dispensar outros adjetivos chulos) por olhar, encarar e investir no carinha que estou interessada. Ora, passei a adolescência a fim de garotos, que se quer me olhavam porque eu era "fria" demais e agora preciso me desvincular desse rótulo. Também já fui chamda de louca, pirada e irresponsável porque me apaixonei por um doidinho aí, sem graça, e resolvi contar-lhe.
Mas e por que preciso redimensionar? Porque há 14 anos que tamborilo no peito um gostar despretensioso e só me resta a negação.
Bem... acho que não posso mais ser sincerar. Só que quando em penso em como agir diferente, só me vem a dissimulação e fingimento. E é assim que quero ser? Já não basta os que já o são?

Não! Pensando bem, é melhor ser sincero e pegar o temporal, do que ser igual a meia dúzia de gente duas caras.
Quem não sabe brincar, não desce para o playground - não é isso?

sábado, 5 de novembro de 2011

Andrea Doria

Não sei ser super fão de nada. Gosto muito de algumas coisas e outras gosto demais, amooo até, mas sem propagandear isso aos quatro ventos. Dentre essas coisas que amooo está incluindo o Legião Urbana, banda que conheci na minha infânciadolescência  e que até hoje me comove, tanto tando, do tipo: saber todas as músicas, todas os títulos, ter todos os CDS (espalhados por aí, é certo), ter a biografia do Renato Russo, a história do Legião Urbana e ser a única banda que escuto diariamente.

Coincidentemente o cara morreu dia dos meus 15 anos. Chorei tanto, mas à noite fiz um especial para eles. E até hoje me embalo aos seus sons, como já disse. Bem, tenho uma infinidade de músicas que eu amo, tem aquelas que eu não me afeiçoei. Mas como já escutei todas as músicas deles, de todos os seus CDs, incluindo os solos e internacionais, vou a partir de agora, pouco a pouco, postar as minhas favoritas, a começar com Andrea Doria...

Essa música era a minha alma quando eu era apaixonada alucinadamente pelo meu namorado mais marcante. Cantavamos juntos em videoquê, cantávamos juntos quando tomávamos uma cervejinha, enfim... ela era nosso hino... Vamos a ela:

Andrea Doria

Legião Urbana

Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...
Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...
Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...
Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...
Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

RETRATO

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

"Sabe o que eu quero de verdade?! Jamais perder a sensibilidade, mesmo que ás vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma!"
Clarice Lispector

Questão de classe!

Hoje o primeiro assunto do dia no trabalho foi a roupa mais bonita, na loja mais cara, com a grife aparecendo. A combinação disso tudo deveria denotar, evidentemente, que quem o diz é gente de classe. E de fato são, não posso deixar a frustrante hipocrisia de quem não tem dinheiro para comprar atire pedras em quem tem e pode usar o que quiser. Depois de o assunto enecerrado, lembrei-me de outro episódio conversado no mesmo lugar, sobre uma ex-funcionária que queria tanto ser "madame" ou ao menos parecer ser, mas que acabou devendo a alma e por isso se esgueirava pelos cantos e até encarava subida e descida  de dez andares pelas escadas só para não ter a terrível "sorte" de encontrar seus credores: resultado disso? Pediu demissão e sumiu, devendo deus e o mundo.
E tudo isso para quê? Porque o danado do dinheiro serve para te tirar e te colocar de níveis sociais. Porque o danado do dinheiro te proporciona horas maravilhosas de salão. Porque o danado do dinheiro te leva a restaurantes maravilhosos. Porque o danado do dinehiro faz com que devas até a alma, perca o sono, mas te oferece a ilusão que mesmo sem nem um puto no bolso estás feliz e a lambança causada por ele valeu à pena.
Ora, faça-me o favor: só pode se da a luxos constantes, quem tem dinheiro, quem não o tem deve manter a classe!
E o que é a classe?
É saber chegar e sair dos lugares olhando a todos linearmente e não de cima para baixo, como muitos que tem dinheiro o fazem. É saber que gastar é uma questão de responsabilidade, por isso se você não paga complica a situação de quem você não se preocupou em pagar, mesmo que esse cara já seja um podre de rico. É saber que dinheiro não pode tudo e que nas melhores roupas não estão as melhores pessoas. É comer com boca fechada e permanecer assim, porque em boca fechada não entra mosquito.
E principalmente é nunca motivar as pessoas a estarem com você por que tem ou não dinheiro e sim porque você é o amigo que muitos queriam ter. Seja porque você é prestativo, seja porque você é generoso, seja porque você é um bobão que todos te procuram quando querem se divertir, seja porque você é solidário, seja porque você tem bom papos e assuntos inesgotáveis, seja porque você é despreendido, seja porque precisa de ajuda e sabe pedir, seja porque você é só você.
Para mim questão de classe é se assumir e respeitar ao próximo. É saber a hora certa de chegar e se retirar, seja nos lugares ou na vida de alguém. É saber dizer o que se quer, o que se pensa e o que se sente, poque a vida é só essa.
E esse papo de melhores roupas, mais caras, das melhores grifes não é mais que uma  questão de dinheiro, que nada tem a ver com classe!

Será que eu tenho classe?