sábado, 29 de outubro de 2011

Flordelis ou Flor de Lis = Mãe amor

Ontem inicie a leitura do livro "Flordelis", que é a biografia de uma mãe de 50 filhos, sendo que 47 deles foram retirados da rua por estarem em situação de risco, como tráfico, consumo de drogas, prostituição e violência. A história em si é ótima, aliás excelente, porém não foi somente o que está sendo contado que me emocionou, mas o que despertou em mim. Vergonha e necessidade. Vergonha de não ter nem 10% da Flor vivendo em mim e necessidade de ter um pouco de sua coragem e salvar o mundo, tão corrompido, mas não perdido.
Cada relato de como ela salvou o filho, colocando quase sempre sua vida em risco, faziam com que meus olhos borbulhassem lágrimas. Mais lindo ainda era ela dizer ao final, esse é meu filho mais corajoso... ela não se abatia, nem se acovardava nunca. E eu? Achava que minha vida era coisa séria.
Sou mãe, boa mãe, luto pelo meu filho e daria a vida para protegê-lo. Mas não é a mesma coisa que essa mulher fez. Ela deu sua vida, por pessoas que ela ama gratitamente, sem dela ter nascido, por eles serem FILHOS DE DEUS.
Bem, ainda não terminei de lê-lo, falta pouco, mas assim que eu terminar venho dar meu parecer completo sobre o livro, maternidade, amor e doação. Também tentarei exercer um pouco de sua lição e aprender sobre amor incondicional.
Para terminar vou deixar uma passagem, bem no início do livro, que me comoveu muito: ela diz que não adianta pedir a Deus e ficarmos parados. Temos que pedir e ir para a ação, acreditando na luta, no amor empreendido e acreditar que vamos coseguir, porque sem essa certeza de nada adianta pedir.

Leiam, todos merecemos viver essa leitura!

domingo, 23 de outubro de 2011

Conversa de Botas Batidas




              Até conhecer a história da escrita dessa música, ela não era a minha predileta dos LH. Agora o é! O amor, na última decisão de sobrevivência, triunfou.

"Já não vejo motivos pro amor de tantas rugas não ter o seu lugar"

E agora estou abrindo minhas janelas...

De volta?

"Eu ontem joguei tanta coisa fora, eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias gente que foi embora, a casa fica bem melhor assim. O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu e lendo os teus bilhetes, eu penso no que fiz. Querendo ver o mais distante sem saber voar, desprezando as asas que você me deu..." (Hebert Viana)

Acordei determinada a me organizar, por não aguentar mais minhas bagunças cotidianas, só não sabia que isso me deixaria um tanto devastada. Abri o armário vazio e pouco a pouco fui carregando meus livros para dentro de mim (já disse uma vez que o meu quarto é meu universo particular). Depois de organizá-los, decidi emendar a faxina e arrumar meu guarda-roupa. Nossa, foi aí que tive contato com meu passado, meus fantasmas, minhas alegrias, decpções e algumas coisinhas a mais.
Separei centenas de convites de aniversários, que sabe Deus se ao menos o aniversariante ainda os guarda. Vi restos mortais de flores que me foram dadas em momentos gratos, mas que ao tocá-las fizeram tilintar em meu peito emoções doloridas e verossímeis. Restos de cabelos, dezenas de fotografias 3x4 de pessoas que só habitam minha adolescência. Cartas escritas que nunca entreguei. Cartas de amor que recebi, mas o amor acabou, então pra que guardá-las? Bilhetes, souvernis inúteis, presentes lacrados...
Fui, no início, separando o que jogar fora e o que guardar, vai que alguém para testar minha sensibilidade me pergunta se ainda guardo alguma coisa me dada num momento de carinho. Li alguns bilhetes, uma carta gigante que meus amigos de colégio me deram, uma carta de amor-despedida, uma foto escondidinha no meio de outras coisas... e as lágrimas rolaram. Eu era sensível e não sabia. Depois das lágrimas, saí e comprei 5 stela artoir, voltei e coloquei a música do início deste post no último volume e cantei o mais alto que pude como forma de exorcisar meus fantasmas. Abri as caixas e meu passado e decidi, assim, simples, jogar tudo fora. Depois chorei de novo e fiquei pensado em o quanto sou idiota em sempre adiar decisões da alma.
Se existem várias formas de ser feliz, existem várias de ser triste. E escolher a omissão é uma forma arrogante de não se decidir nunca. Posso escolher viver a vida e pagar todos os preços por isso. Mas posso escolher simplesmente apenas fingir que a vivo e andar por aí de esquina em esquina pensando em que bonde subir agora. E sinceramente foi isso que fiz desde que um amor que vivi até a última gota se foi. Não me permiti viver mais nada, lutar por mais ninguém, chorar com alma, passar noites em conversa depressiva com meu travesseiro, ser covarde por conta de um frio na barriga.. não vivi mais nada daquilo que se chama amor. Vou vagando e concluir isso me doeu a alma. E as lágrimas rolaram de novo.
Deveria ter como herança a aprendizagem e não o coração gelado, nevoado de ressentimentos com a vida que me fez sofrer. Deveria ter a cabeça aberta e não livre de opressões sentimentais. Devria querer chorar de novo por amor e não sempre ficar desejando o bônus.
Mas depois de inbriada por essas emoções e agora pela manhã me senti tão outra pessoa. Com covardias reais, sentimentos banais e querendo me agigantar no presente que se apresenta e eu tento dizer "não, muito obrigada". Se valerá à pena, como saber? Posso sempre olhar pra trás e chorar, mas me prender no passado não é a melhor forma de viver a vida... E eu não quero que meu passado me perdoe, quero apenas me sentir livre...

"A gente leva a vida inteira pra entender a vida, dia após dia, sem imaginar... se recusando a acreditar que pra estar no paraíso, basta amar, basta amar... e me da uma vonatde de cantar uma canção..." (Lobão)


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Strip-Tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O rio que está dentro de mim...

         Tem certos rios que me são difíceis navegar. Hoje escutando Sete Cidades e me lembrando de uma ação chula que eu não me recordo que fiz, mas que foi testemunhado por uma amiga, vejo o quão me é desagradável não aceitar os arredores de mim.
         “Como ele é idiota” berrei, enxuguei as lágrimas e fui da um beijo no homem que foi o garoto da minha adolescência. E vejo que seja embalada por notas de uma música, por uma saudade ou por uma vontade, sempre esbarro num pedacinho de mim, que eu, ainda perdida na minha adolescência, não consigo ocupar. Ou finjo não conseguir. Se antes um não nem me importava, agora a possibilidade de um me atormenta e me paralisa, me corroi os nervos e me manda para um deslize que reflete como “você quer se fazer de difícil”. Não, não o quero!
         Não é um comportamento traduzido por uma canção. Se eu tentar me reinventar, vou apenas tamborilar as partes de mim, que me fazem sonhar e sorrir. Serei tradição e sarau. Uma lua e um sol. Um enfeite sem graça na estante démodé. O canto bailou e meus olhos lacrimejaram por algo indefinível, recordado por uma música e incentivado pela bebida, derramado nos ombros de minha doce amiga. Nada a ver! O encontro não foi rasteiro, nem raso. Ele simplesmente não houve.
         Flutuando no hoje está minha ansiedade pela vida do amanhã. Minha rigidez do não saber dizer, se renderá a reza e as preces do singelo mais simples que a caminhada por algum motivo até ele me leva. Um pé que faz a volta ao passado, com uma cabeça que jaz uma menina, mas um coração incoerente e traiçoeiro, que na beira do abismo se absurda, se joga e se aterrisa leve, como numa valsa sem graça. E aprendendo com o que brotou do chão, que foi fruto de braços abertos, temor de ir podendo não ir, lágrimas de uma decisão, tristeza da superficialidade das coisas, mas universalizado no repensado, no endereço de quem sabe sempre o caminho de volta, mas quer se perder e se achar, “feito louca, alucinada e criança...”
         Já diria o poeta Capinam nesse mar tem rio e eu quero navegar.

domingo, 16 de outubro de 2011

Dúvida

Quem nunca teve um amor de adolescência que atire a primeira pedra. Daqueles que te fazem suar em bicas, que te fazem escrever cartas (melosas, ridículas e nunca entregues) de amor. O meu foi hilário e pertubador, como a maioria das minhas coisas. Ele nem sabia de minha existência, não estudávamos juntos, não morávamos perto. Mas foi por ele que vivi essa fase boa e doída que só as adolescentes sabem viver.
Eu o amava! "Disque". Nos conheciamos, mas ele não me conhecia o tanto que eu o conhecia.
Matava aula só para ficar na esquina da casa dele para vê-lo passar e ir sabe-se lá pra onde. Não sabia seu telefone, por isso nunca tive o propósito de ligar para ouvir sua voz, não sabia o que fazia na vida por isso meu único alento eram as esquinas, os encontros eventuais pela rua, um esbarrão proposital quando o via no supermercado e só. As carta, as rasguei assim que tomei consciência que era um amor juvenil. Cartas melosas, babonas e ridículas. Absurdamente ridículas.
Anos luzes depois, na mesma galáxia e quase na mesma esquina, eu o revi. Eu ía a uma festa e ele também. Iamos para a mesma festa. Lá eu o vi me seguir com o seu olhar. Meu coração palpitou, parei não de propósito ao seu lado, estávamos na mesma turma, no mesmo espaço, no mesmo canto, no mesmo tempo. Não era mais amor, nem sei se um dia o foi. Mas fiquei feliz de tê-lo ali tão pertinho, tão significativo pra mim. Depois ele tocou a minha mão e dançamos. Depois foi o beijo e o silêncio. Foi divino! Mas não realizador. O beijo era para ter acontecido há tempos, na minha perdida adolescência, nos anos de ouro que não voltariam mais. Era para ter acontecido naquela esquina em que eu ficava horas para vê-lo passar.
Depois eu sonhei que o encontro se repetisse, mas não tinha atitude de tomá-lo pra mim. Uma semana depois soube que ele estava namorando, como doeu.
Hoje, ele me ligou e me chamou a um churrasco. Eu queria ir, mas minha ressaca foi maior. Ele está por aqui rodando e sinceramente, acho que só depende de mim. Mas eu sou tão tosquinha para essas coisas, principalmente porque ele ainda vive dentro de mim, mas numa galáxia tão distante.
O que fazer? Eu quero mais um beijo...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Seja um idiota!

A idiotice é vital para a felicidade. 
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
hahahahahahahahaha!...
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.
Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!
 (Arnaldo Jabor)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

30 anos!

         São 30 anos. Carga de memória que não cabem na minha grande sacola de trabalho. Lições de escola e de vida que carrego na escola, na memória na alma. Horas de sorriso, minutos de choro, canções de esperança. Colo de mãe, abrigo de pai, contenção de irmãos. Esperança do filho.
         Trouxe a vida aqui comigo, desenhada, redesenhada, algumas vezes mornas, outras tantas quentes e intensas. Encontrei amigos, depositei esperanças em alguns, maledicências e indecências e traumas em outros. Entendi o que é um amigo, o que é um eu te amo fraterno, o que é ter paz, o que é angustia, o que ter alguém e não ter ninguém... e ser feliz!
         Não aprendi a canção da destoada. Andei várias vezes apressadas e algumas vezes simplesmente resolvi não andar. São 30 anos. Fiz escola da vida e normal. Desejei alguns brinquedos que não tive e nunca recebi de premiação de fim de ano por sempre passar direto na escola um presente, um prêmio, um louvor. Era minha obrigação a cumprir. E cumpri! Fiz alguns desajeitados planos de vida e de ir às festas que perdi na adolescência. Gastei dinheiro demais do pouco salário que recebia e amei loucamente um rapaz. Mas não foi dele o filho, foi de outro que me fez dormir, sonhar e me apaixonar. O único que me fazia sentir nas nuvens. Apaixonada pela paixão dele por mim.
         Sai para trabalhar cedo desejando a formatura no curso superior. Trabalhei e formei. Quis a especialização, mas antes dela veio o casamento que deu certo. Tão certo, que sou manifestação de um dos maiores milagres de Deus. Sou mãe do Victor e planejo a Isadora ou a Laura. Sou fruto do amor de meus pais e do cuidado dos meus irmãos e das apaixonantes declarações e segurança de meus amigos. Que sei que tenho e sei quem são.
         Sou especialista e quase mestra, já planejo o doutorado. Leio sempre, sem parar e adoro música alta, que agora está em rendendo novos problemas auditivos. Acho que cresci depois dos 24 anos. Cresci em termos, cresci me preparando para encarar os 30 e dele fazer uma autoavaliação e reflexão.
         Se estou feliz e satisfeita? Perfeitamente feliz e me sentindo muito abençoada por Deus e Nossa Senhora que me permitiram chegar hoje com alguns planos cumpridos, vida estável, cabeça no lugar. E principalmente ansiosa pelo que ainda está por vir!
         São 30 anos de história, de lição... 30 anos!
         Obrigada Senhor e Senhora e livrai-me de todo o mal: Amém!