terça-feira, 18 de outubro de 2011

O rio que está dentro de mim...

         Tem certos rios que me são difíceis navegar. Hoje escutando Sete Cidades e me lembrando de uma ação chula que eu não me recordo que fiz, mas que foi testemunhado por uma amiga, vejo o quão me é desagradável não aceitar os arredores de mim.
         “Como ele é idiota” berrei, enxuguei as lágrimas e fui da um beijo no homem que foi o garoto da minha adolescência. E vejo que seja embalada por notas de uma música, por uma saudade ou por uma vontade, sempre esbarro num pedacinho de mim, que eu, ainda perdida na minha adolescência, não consigo ocupar. Ou finjo não conseguir. Se antes um não nem me importava, agora a possibilidade de um me atormenta e me paralisa, me corroi os nervos e me manda para um deslize que reflete como “você quer se fazer de difícil”. Não, não o quero!
         Não é um comportamento traduzido por uma canção. Se eu tentar me reinventar, vou apenas tamborilar as partes de mim, que me fazem sonhar e sorrir. Serei tradição e sarau. Uma lua e um sol. Um enfeite sem graça na estante démodé. O canto bailou e meus olhos lacrimejaram por algo indefinível, recordado por uma música e incentivado pela bebida, derramado nos ombros de minha doce amiga. Nada a ver! O encontro não foi rasteiro, nem raso. Ele simplesmente não houve.
         Flutuando no hoje está minha ansiedade pela vida do amanhã. Minha rigidez do não saber dizer, se renderá a reza e as preces do singelo mais simples que a caminhada por algum motivo até ele me leva. Um pé que faz a volta ao passado, com uma cabeça que jaz uma menina, mas um coração incoerente e traiçoeiro, que na beira do abismo se absurda, se joga e se aterrisa leve, como numa valsa sem graça. E aprendendo com o que brotou do chão, que foi fruto de braços abertos, temor de ir podendo não ir, lágrimas de uma decisão, tristeza da superficialidade das coisas, mas universalizado no repensado, no endereço de quem sabe sempre o caminho de volta, mas quer se perder e se achar, “feito louca, alucinada e criança...”
         Já diria o poeta Capinam nesse mar tem rio e eu quero navegar.

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Corajosamente vivendo...diga-me