sábado, 31 de dezembro de 2011

Promessas de Ano Novo

Preparei-me dezembro inteiro para realizar essas promessas, a maioria repetida e esgotadas em si. Mas já que a data nos embala a essas emoções, eis as minhas:
1 - Fazer uma especialização em gestão de alguma coisa, a fim de entender de meios organizacionais;
2 - Pintar meu quarto, a decisão é essa rsrsrs;
3 - Fazer uma atividade esportiva em prol da minha saúde e ficar um pouco mais bonita também - crise de "se achismo";
4 - Viajar com o Victor para o Rio de Janeiro e Bahia;
5 - Namorar, está na hora de sossegar;
6 - Humanizar-me mais ainda;
7 - Escutar músicas e comprar livros diferentes dos de minha preferência - o exercício de olhar novos horizontes;
8 - Comer mais pizza, com soda e assitir a filmes;
9 - Ir mais à missa; e
10 - Fazer mais uma tatuagem.

Esses são minhas missões imediatas, não quer dizer que são estáticas e que não terei outras para me aventurar. Mais quero fazer de 2012 um ano mais leve, mais meu e menos dos outros. Quero experimentar novas emoções e adoecer menos por elas. Quero me da oportunidades que antes não me dava por acreditar que tudo poderia estar como eu sempre desejei, enfim compreendi que nem tudo que queremos é o que merecemos. Investir culturalmente em mim e no meu filho é a meta, pois quando nos fazemos melhor, o mundo também melhora.

um abençoado 2012 para todos nós!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Solteiros e Casados


- Segura!
- Pelo amor de Deus, virou a panela de feijão.
- E agora?
            A escalação começou pela cozinha. As cozinheiras foram convocadas para fazer uma nova feijoada. Os casados, desacreditados que só eles, pelo acúmulo de 7 anos de derrotas, já estavam a postos com a cara amassada, o fígado estragado, o humor renovado. Os solteiros foram chegando faceiros, cheios de si, sentindo-se desde já vitoriosos. A torcida também se acumulava, mais afoita pela bagunça e risos que certamente viriam, do que propriamente pelo jogo dos solteiros contra casados da São Roque.
            E lá foram eles. A feijoada derrubada era o assunto da hora, mas ela haveria de ficar pronta. E o juiz amanhecido apitou o jogo: e vai pela direita, desce pela esquerda e gol! Chuta de lá, mata no peito e gol! E de tanto que os casados meteram que parecia até replay. Sete a cinco, sete anos sem ganhar, sete novos integrantes no time... lançou-se o número da sorte. Os solteiros teriam que engolir os casados, até na rima que soou perfeita: É campeão e “tamos” sem feijão!!!
            Que nada. Festa de amigo sem emoção é para os fracos. A feijoada ficou pronta a tempo do almoço esperado, todos se deliciaram dela, do churrasco e da festa. Festa tão previsível de boa, que levou todos os São Roquinos para o meio do salão, para dançar o carimbó, o tecnobrega, o baião, o samba e vibrar com o hino do papão e do leão. A festa foi boa, que teve até integrante saindo carregado, falando blá blá blá. Teve até amnésia alcóolica. Teve até porre dormindo na mesa de bilhar. Teve até Papai Noel desnutrido, mas que fez a alegria da galera, da criança e se tornou estrela. Teve até oração pelo eterno sócio Coló, pelo carabina, pela dona soloca e pelo Zé lapada, é bom nem dizer os nomes se não ninguém saberia quem era.
            E teve oração pedindo pelos amigos da São Roque, que permaneçam assim: amigos de fé, irmãos camaradas!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Humanamente, boa mortal!


         Às vezes carrego a sensação de que atribuímos um peso indevido a palavras irrefletidas, a atitudes impensadas e a comportamentos mal pensados, ou seriam mal pesados? Bem, nunca escondi meu ceticismo em relação aos primeiros encontros e a relações construídas sobre um currículo metafórico. Também nunca escondi minha crença nas pessoas, depois que creio nelas faço de tudo para não perdê-las, mas se eu as perco, faço de tudo para que elas me percam também.
         Luto pelas amizades. Acredito no improvável. Gosto da felicidade. E acredito piamente na atração daquilo que pensamos. Por essas coisas que tomo cuidado para não atribuir carga negativa demais em minha vida, para que ela não se ajuste aos moldes dos pés pequenos. Se decidi estar solteira, não quer dizer que essa decisão é para o resto da vida. A princípio o desejo é esse, mas sei que essa decisão traz no mesmo levante o bônus e o ônus, tal qual uma relação conjugal. Se decidi estudar, não quer dizer que serei uma intelectual ambulante que “descurte” certas coisas do mundo dos que não acham os estudos um prêmio para carregar além da vida. Se decidir ser independente, sei dos preços a serem pagos devido à sociedade machista em que habito. Às vezes também decido sonhar, decido não sonhar, decido ganhar, aceito perder, aceito calar.
         E sei exatamente o que é sonho e o que é objetivo. Sonhar está no campo do improvável, totalmente palpável, por isso é sonho. Objetivo é aquilo que traço e corro atrás e conquisto e vibro, que vale somente para mim. Os meus planos servem para mim e não para os outros, por isso é objetivo. Delimitá-los significa dizer que sei do equilíbrio e do desequilíbrio. E também sei do relógio e da falta de hora.
         Hoje teço as coisas sob um novo olhar, um colorido, que algumas vezes se disfarça de preto e branco. Mas retomando a crença de que negatividade atrai negatividade, assim como positividade atrai positividade, prefiro ficar com todas minhas vibrações positivas. Feliz, alegre, sorridente, acreditando nas pessoas, com fé, bom humor, solidariedade, amizade... pois essas coisa fazem a vida valer à pena. E perder tempo com o resto é se igualar sendo resto também.
         Sempre inteira, afinal não estou nessa vida por uma eventualidade!
         E sim cheia de defeitos (para dizer que não falei das flores)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

E o inferno são os outros?


         Não sei, não. Mas vez ou outra me pego atenta às falhas dos outros que julgo como erradas e esqueço que eu mesma já cometi falhas subumanas e, vez ou outra, sem suporte para desculpas. Não digo aqui falhas piegas e canônicas do tipo: mentir, enganar, gritar, ser egoísta, egocêntrica, enfim falhas humanas. Digo daquelas atitudes burras que aponto o dedo e esqueço quão burra que já fui.
         Já gastei horas de ligações telefônicas com amigas, além do desperdício de “viagem” mental, para entender certas atitudes tomadas como burras por mim, mas que eu mesma já fiz por burrice, obviamente. Fui esculachada, feita várias vezes de boba, traída, enganada, passada pra trás quando exercia atitude de boa fé, mas mesmo assim estava lá com aquele que eu julgava amar.
Quantas vezes ele me dizia “estou chegando, te arruma” e não chegava nunca. E eu estava no outro dia, submissa a mim, ao meu medo de perdê-lo e ficar só, o recebia com uma caridade e complacência vergonhosa, que o fortalecia e o incentivava a fazer os maus tratos contra mim novamente. Quantas vezes ele não atendia o telefone, saía sem aviso prévio e eu estava ansiosa para atendê-lo quantas vezes ele me ligasse e disposta a perdoá-lo, por crer que dele não queria a perfeição, apenas sua feição. Quantas vezes ele me excluiu das comemorações, das brincadeiras amigas, dos comes e bebes, por que minha presença era de menos, não importava. Ele me queria quando ele me queria.
         Mas de tanto apanhar, fui me fortalecendo. Deixei de ser a cabocla acuada, para ser mulher de quem ele se arrependeria de ter tantas vezes humilhado. Fui à praia sem avisá-lo, viajei com os amigos sem aviso prévio, tomei um porre homérico e ele nem estava ao lado. Aceitei o convite das primas para as festas que nunca ia e nem fiz questão de sua presença, que era de menos. Fui a não sei quantos aniversários e “esqueci” de avisá-lo. Simplesmente conheci que além do travesseiro encharcado tantas vezes com minhas lágrimas, havia vida. Uma vida deliciosa.
         Quando ele viu que eu passei a me importar mais comigo, o seu mundo caiu e eu passei a ser a única habitante que importava. Ele foi de Salinas ao Caripi atrás de mim só para me dizer o quanto eu lhe era importante. Vigiava minha porta altas madrugadas para que eu não saísse dele. Seus domingos tinham que me ter o dia todo, seja no churrasco com família e amigos, seja num cineminha para agradar meu vício cinéfilo. Os chocolates não se esgotavam em meu quarto e até à universidade ele ia me buscar.
         Mas eu já estava forte demais. E vi que de fato sofrer dói. Conheci outros caras legais, mesmo sem que eu precisasse o traí. Até que um dia, após dois anos eu lhe disse que precisava ir embora, porque além de tudo aquilo existia amor gratuito e solidário... e eu fui. O Zeca tem razão quando diz que "o dono da dor sabe o quanto dói".
         Ele foi devastador com meus sentimentos. Congelou meu coração. E pagou o preço. Mais tarde fui compreender que eu também paguei o preço, pois congelei, emudeci, desencorajei para viver um sentimento de verdade e de entrega total. Quando reencontrei aquele amor perdido da adolescência e soube as farpas que lhe passava, primeiramente o julguei como burro. Mas bastou uma carta perdida para lembrar que em matéria de amor e solidão só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão.
         Eu tirei a pedra de cima do peito e me desnudei para esse carinha da adolescência e depois, por várias vezes, o chamei de burro por achar que ele não sabia lidar com as coisas do coração. E eu?
         Bem, enfim compreendi que o infernos somos nós mesmos!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Plantas embaixo do aquário

Essa não é uma das minhas prediletas. Mas gosto muito de "sua proposta". Quando tentei aprender a tocar violão, era com ela que eu ensaiava. Queria por que queria ser a Renata Russa rsrsrs

Plantas Embaixo do Aquário

Legião Urbana

Aceite o desafio e provoque o desempate
Desarme a armadilha e desmonte o disfarce
Se afaste do abismo
Faça do bom-senso a nova ordem
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
(dialogos em francês e inglês)
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Pense só um pouco
Não há nada de novo
Você vive insatisfeito e não confia em ninguém
E não acredita em nada
E agora é só cansaço e falta de vontade
Mas faça do bom-senso a nova ordem
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar
Não deixe a guerra começar

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O medo que não me mete medo


Perdoe-me, medo, mas você não é páreo para mim. Você bem que tentou me fazer desistir por várias ocasiões, porém esqueceu que eu sou mais daquilo que digo, que sou mais do que seus olhos podem ver. Não é porque tenho medo do escuro, que não posso ser chamada de corajosa.
Medo para mim não é brincadeira, nem gosto de criança. É muito mais do que correr contra a maré e bem no claro. É esbarrar no difícil, saborear-se no impossível, estremecer com o erro e mesmo assim vencer. E foi isso que fiz diversas vezes. Tive medo da reprovação e por isso passei na escola. Tive medo de altura e por isso me joguei da ponte mais alta no rio mais fundo. Tive medo do escuro, por isso vaguei num sítio no breu, por pura diversão. Tive medo do desequilíbrio e por isso comprei uma moto. Medo de não conseguir a única vaga do concurso, por isso ela foi minha. Medo de não da tempo para concluir meu trabalho e por isso ele está pronto.
        Como pode vê, meu caro medo, você não é páreo para mim. Não sou invencível, mas não é qualquer coisinha que me faz parar. Nem dos meus sentimentos eu tenho medo. Muito menos da verdade. Quando você diz “não diz o que sente” eu vou lá e digo, gosto de dar a cara à tapa, faz parte do jogo. Gosto até de usar batom vermelho, viu medo?
        Bem, eu chorei com medo, confesso, no dia 01/11/2011, meu orientador arrasou meu trabalho e me disse que eu só tinha um mês para entregá-lo, mas me lembrou que era tarde demais para desistir. E quem lhe disse que eu desistiria? E quem lhe disse que depois de uma breve febre eu não faria melhor por sempre dá o meu melhor?
        E fiz. Daqui a pouco estou indo entregar o meu trabalho: dois capítulos em 80 páginas, é mole? Análise distribuída em todos os capítulos para explicar a teoria, nada de capítulo exclusivo para análise e outros capítulos vazios que não orientam nada, é mole? Enfrentei meu orientador para defender o tema em que eu acreditava e o convenci de que o par que eu propunha era bom, é mole?
        Pois é, medo, sinto muito, mas eu não sou fácil, eu não sou o melhor brinquedo para você se divertir. Mas não se afaste de mim, pois preciso de você para não me dar aquela força, quando eu menos preciso, senão fosse você eu jamais seria a “gabola” vencedora e competente que sou hoje.
        Valeu!!!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A cômica saga de só escolher os loucos

Esse ano foi um recorte dos meus doidos jogos de amor. Bem  no início, ainda com vestígio do ano anterior, estava com ele, que se "relacionamente" não me queria, fisiologicamente precisava e necessitava de mim. O cara é lelé da cuca, mas eu, obviamente desavisada, só percebi essa fatalidade depois da 47 cervejas compartilhadas em doses diárias intervalares de loucura.
Puta que pariu! A pessoa ao mesmo tempo que é inteligentíssima, boa para caramba no que faz, é inseguro, retardado e egocêntrico. Tudo bem, também é divertido, simpático, acessível... mas é retardado e não se fala mais nisso. Ele, sabe-se lá por que, me ligava, tipo assim, às três ou quatro da madrugada para saber se eu estava dormindo (?) e para conversar somente o improvável e questionar meu sentimento por ele. Após o rompimento que agora nem me recordo o porquê, precisei desligar meus telefones de madrugada para poder dormir em paz. Hoje nos esbarramos na amizade. Mas é só isso e nunca mais.
Aliviada a barra, tropecei numa madrugada etílica em um garoto. E após alguns encontros, eis que me vi uma adolescente doida varrida apaixonada pelo sósia mental do toni da lua (dãããã). O garoto é inconstante e seguro, mas não deixou vestígio de onde perdeu sua tomada de decisões e animação. Dizia uma coisa, mas agia de outra e se um dia chamou um tio de criança, me fez morrer de rir antes de dormir, pensando na sua coragem de assim chamá-lo. Outro dia me passou uma mensagem ridícula, que me despertou a imediata pergunta: garota o que tu vistes nesse daí? P.S: até agora não consegui responder sensatamente rsrsrs.
Não sendo suficiente, tropecei em outro que queria me doutrinar no mundo dos adultos. Uma delícia. Lindo. Interessantíssimo. Porém, de longe mais urgente que eu. Até querer que eu deixasse meu filho dormir com a mãe dele para que nós saíssimos ele me pediu, isso com duas semanas que eu o conhecia. É mole? Esse e o outro do capítulo anterior mereciam o rosto enfiado no braço e o slogan "lá vém o xxxxxx".
Não poderia deixar de citar o louco mais relâmpago em que tropecei num pagode. Depois de uma hora juntos, o débil queria discutir relação. A duração do casinho? Uma hora e um minuto.
E para terminar, o caso de amor mais velho e esquisito: ele! Deixou de ser meu gato na mesma velocidade que passou a ser. Queria-me como refúgio. Ligava, convidava e se desligava. Um louco de rachar a sensatez de qualquer um, se bobear a té a cara. Ele até agora não sabe o que quer e é surpreendentemente um pegador de bagulho fora do prazo de validade. Toda sua inteligência não é respaldo para as escolhas erradas que faz. É por isso que digo que conhecimento não é e nunca será sinônimo de sabedoria.
Bem, se esse meu ano era para ser reservado para as sagas de amores loucos, que esse 29 dias passem correndo, porque eu quero é correer daqui de 2011. kkkk

sábado, 26 de novembro de 2011

Eu era um lobisomem juvenil

Acredito que essa música deva refletir todos os turbilhões de emoções que me pareciam tão evidentes em Renato Russo. Sem dúvida uma obra prima em forma de declaração de amor. Uma das coisas que me marcaram demais em suas músicas-opiniões-depoimento foi o incentivo a pensarmos o quanto a vida é curta e por isso devemos viver intensamente, caso contrário iremos deixar a outra metade de nós em conflitos duvidosos. Salve, renato!!!  

Eu era um Lobisomem Juvenil

Luz e sentido e palavra, palavra
É que o coração não pensa
Ontem faltou água
Anteontem faltou luz
Teve torcida gritando
Quando a luz voltou
Não falo como você fala
Mas vejo bem
O que você me diz...
Se o mundo é mesmo
Parecido com o que vejo
Prefiro acreditar
No mundo do meu jeito
E você estava
Esperando voar
Mas como chegar
Até as nuvens
Com os pés no chão...
O que sinto muitas vezes
Faz sentido e outras vezes
Não descubro um motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte
Do meu mundo...
O arco-íris tem sete cores
E fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões...
Qual foi a semente
Que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito
O que está acontecendo
E daí, de hoje em diante
Todo dia vai ser
O dia mais importante...
Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...(2x)
Não digo nada
Espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou
Me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar
Tão preocupado assim...
Mesmo se eu cantasse
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato...
Mas se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...{4x}
Ou então não terás jamais
A chave do meu coração...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

UFPA = minha vaidade peculiar

Hoje saiu o resultado da unama, vi festas, gente suja, histeria rolando solta... Vi gente significando o que é uma emoção de vencer etapas e de sentir o sabor de uma missão cumprida. Para alguns se sentir na sala de aula de um curso superior significará dizer made in ensino médio, para outros representará apenas e grandiosamente estar lá.
            Essa festa, os gritos, o cheiro ruim da sujeira que só quem já foi calouro sabe, remeteu-me a minha própria lembrança de festa de vestibular. Lembrei-me da trajetória completa feita desde a ansiedade em esperar pelo resultado da universidade mais concorrida do estado do Pará: a UFPA, até os caminhos percorridos que me levaram, ou me trouxeram, até aqui: vésperas da defesa do minha dissertação pelo meu título de Mestre.
            A espera do listão já é coisa de louco, afinal ser um dos contemplados das 4.000 vagas, quando 42.000 concorrem por elas não é fácil, aliás não é para qualquer um. E ouvir seu nome, quase não ouvindo, escapando da boca do locutor, que se quer sabe de sua existência, definitivamente não tem preço. Uma vez lá dentro, experenciando as aulas dadas e as faltas históricas delas, nos tornam alunos de uma elite estudantil questionável sim, mas sempre forte diante de argumentos vazios partindo, em sua maior parte, de quem não conseguiu seu lugar no céu. Dos outros fatos, como número reduzido de bolsas; estrutura ainda por melhorar, como acontece em nossa própria casa; a exigência de horário noturno que não há nas secretarias dos cursos, como em todo órgão público, são detalhes frente à beleza, clima e cheiro bom e capacidade da grande concentração de professores-pesquisadores que estão ali e que lutam pelo desenvolvimento da Amazônia. Em quao outra instituição de ensino superior tem em horário nobre o "Minuto da Universidade" comprovando e divulgando as pesquisas desenvolvidas?
            Ah... e não posso esquecer um precioso detalhe: na minha Universidade tem uma cidade e um rio por onde eu adoro navegar. Lugar onde me criei intelectualmente, fiz fortes amizades, aprendi a ser corajosa e a me fortalecer ao entoar: Ih, foi mal, mas a minha é Federal!!!

E pra começar, eu só vou gostar de quem gosta de mim...

Quão grata me soou essa manifestação de amizade via e-mail:

“To chateado com o Thomas, Porra!! Como é que ele separa o Cris e o Greg na qualificação....rsrsrsr. Vou fazer o possível pra estar na tua apresentação. Vc tem se demonstrado uma pessoa muito companheira, tenho muito a te agradecer. Por isso eu digo: FORÇA A GENTE VAI CHEGAR LÁ!!!!! FALTAM POUCOS MESES PRA NÓS SERMOS MESTRE PORRA!!!!!!! Bj. Nélio”


            Aaahhh... uma mensagem dessa justo no momento que eu mais estou julgando, ou talvez subjugando, o que se trata ser amigo, é no mínimo motivadora. Essa semana toda passei atordoada com certos comportamentos e atitudes, que já haviam me deslocado de meu habitual autoisolamento. Não é a primeira vez que digo que sou observadora com os amigos, mas talvez seja a primeira que digo que creio que entre o “ser meu amigo” e “ter minha amizade” há uma diferença nada trivial.
            Não consigo subtrair como rotineiro, que hoje és meu amigo e depois, e mais uma vez, teu discurso vem e te coloca na esquerda para bater um escanteio que nunca vai ser cobrado e que talvez nunca existiu. Detesto, isso mesmo, detesto quem se comporta menosprezando evidenciando que o fulano é mais seu amigo, tem mais sua amizade, é melhor do que você, mesmo que você se esforce para ser bom amigo. Cara a cara com outro fica revelador o quanto você é só mais um na multidão e que nada mais importa. É foda! É foda e me deixa puta da vida!
            Não estou cobrando amizade, mas comensurando consideração. E também não vou aproveitar esse espaço para fazer um tratado sobre o que é ser amigo, pois estou vendo que não é ser amigo o que importa, mais o quanto se faz valer uma amizade.
            Antes de receber esse email, estava me dizendo que nunca se deve trocar um amor velho, por um novo. E lembrei-me de meus velhos cartões postais com aqueles que sempre tiveram minha amizade, isso mesmo, minha amizade e que hoje posso dizer que também são demais meus amigos. E são amores velho, de infância, de adolescência, pessoas com quem sempre me importei e para quem eu sei que me importo. Pessoas que senão me ligam todos os dias, se fazem presente quando querem afagar ou receber um afago.
            Mas, enfim, a vida de tão corriqueira que é, também vem mostrar quão corriqueiros são os relacionamentos, coisa que eu não consigo suportar. Porque eu sei ser amiga e sei dar minha amizade, na mesma medida que sei receber. Preciso destacar, contudo, que esse email veio para me alertar que devo reparar que não é só o tempo que te traz amizades sinceras, mas a força com que esses nós são atados, quando você entende que alguém merece sua amizade e que vale à pena se doar a ela.
           Ter um alguém que é mais amigo do que outro, não autoriza a falar o que quer quando bem entender. Mas isso ter acontecido mais uma vez mostra que devo aprender a não me importar tanto, afinal eixte uma grande diferença entre ser amigo de alguém e ter sua amizade num custo que vale à pena qualquer sacrifício, sem que para isso algo seja colocado em jogo, ou em faces!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Minha homenagem a minha Daniele Silva

Seca essa chuva, tira o sapato, resgata teu tempo, solta essas asas e vai...
Mergulha bem fundo, volta à infância, grita teu não e um desespero de sim.
Junto um punhado de vida nas mãos, solta no tempo e vê que o tempo não é tão retórico assim...
Cultiva realidades, planta uns sonhos, solta esse peito e senta aqui, bem aqui no teu jardim...
No meu jardim se perde, vira uma mata selvagem, goza bem devagar...
Arde no sol, recomeça de novo, muda teu tempo, de leve num tamborim...
Solta de vez essa lágrima lacrada... esmurra esse peito dengoso... engrossa a voz e encara a estrada...
És menina tão grande menina, a minha menina, da poesia que ainda não escrevi.
E se sais de cena, retoca a boca, se retoca louca, incha os olhos e repinta o que ainda não disse de si...
Mas se hoje é festa, nem toca, nem congela, nem desisfesta o grito explosivo que nem me deixa ouvir..
Faz tua vida de novo nesse ano.. de novo que nem é tão novo assim
Me pede de novo o que não queres ouvir, mas me deixa na tua vida
Como um carma, um carma de mim...
E se assim meio sem jeito te digo, moleca, feliz aniversário, num grito estrondoso intimidado daqui
Mas sente em teu peito todo amor dessa tua amiga, mãe, irmã, que te ama inexplicavelmente
Como parte extensiva de mim...
Parabéns!!!

domingo, 20 de novembro de 2011

Memórias, Crônicas e Declarações de Amor

Ele é intepestivo e irracional. Acho até que imaturo emocionalmente. Mas não enxerguei isso há tempos perdidos. Sua presença era marcante, desde o olhar perdido na rede com um livro que se esquece de ler e tão viva na rede social que não me permitia esquecê-lo.
Mas ontem foi esquisito. Nunca tinha decidido não querê-lo mais. Eu o queria desde sempre, silenciosa, pequena, num volume de permissões, que me tornavam generosa em querer ter sem nem ao menos me querer bem. Só me importava tê-lo, desde que eu estivesse inteira, ainda que ele pela metade.
Mas ontem foi esquisito. Toda a memória contada dele teve um peso que me doeu nas costas. Suas histórias de amor, que nunca me importaram, vieram como um grito de alerta. Seu comportamento trivial em se tratar e em se destratar atravessaram-me como metáforas doloridas e esquisitas da heresia. E tê-lo deixou-me de ser tão importante, embora eu tenha sonhado uma noite inteira e bem dormida com ele essa noite.
Mas ontem foi esquisito. Ele não desejar meu beijo, depois das certezas canônicas que só eu respirava, doeram-me demais. Uma dor passageira, pois ainda acordava e pensava em uma ligação e um convite. Um pedido e uma paciência para me entender, compreender e me querer também.
Mas ontem foi esquisito. Eu não o desejei mais. Os sonhos cessaram. A vontade passou. A lembrança calou. A admiração morreu. As certezas vieram. As convicções se negaram...
E tudo porque ontem foi esquisito... Vê-lo se desmerecer e se enterrar em mais um erro, mecheu com minhas denotações tão leais a respeito dele: achava que ele fosse um cara que daria certo, um cara para andar de mãos dadas e se orgulhar de tê-lo do lado. Um cara para apresentar as outras garotas e despertar um pouquinho de atenção. Um cara que seria meu companheiro e de quem eu me orgulharia ser parceira. Um cara a quem eu farias dormir com afagos no cabelo e o faria se perder com declarações de uma paixão. Um cara para eu me perder e me achar... Um cara para chamar de meu!
Mas ontem foi esquisito. E agora ele parace habitar meu silêncio penoso de um olhar que não se deslumbra mais por ele, que não cativa, nem cultiva minha admiração apaixonada...
Ele hoje está nas minhas memórias crônicas e nas minhas declarações de amor curadas. Tudo graças(?) a ontem que foi tão esquisito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Repaginando-me sempre

Tem coisas quem me dão um prazer indescritível, bem como há aquelas que me dão raivas inexplicáveis. Mas como creio piamente na felicidade, nos prazeres da vida, em que tudo se resolve brevemente quando cremos que podemos ser feliz, busco não lapidar certas coisas e nem ligo se me chamam de louca descompensada, espalhafatosa, retardada...
Acho que tem várias formas de recebermos a Graça Divina, ela pode estar na simplicidade das coisas ou no plural delas. Uma barra de chocolate, um vento no rosto, um telefonema inesperado, uma fome saciada, um abraço fraterno, um consolo materno, enfim... Ela pode estar na tentativa de substituição, de compensação, mas ela está sempre nas menores coisas e nas maiores também. Mas como sempre fomos domesticados para a ambição e ao mesmo tempo para o conformismo, nos tornamos atrapalhadamente desregrados para dizer nãos, quantos forem suficientes, àquilo que nos faz mal.
Uma loucura é o que vivo! Gosto do riso alto, entretanto grito alto quando não gosto e saio resolvo e vivo. E se não tiver deixo pra lá, saio de cena. Tenho pavor de dizer que amo desde sempre algo, quando seria evidente às pessoas que meu querer de uma hora pra outra é uma necessidade autoafirmação. Creio até que fuga de mim mesmo.
Bem, hoje estou na contramão das coisas e revendo certos conceitos. Certas amizades. Certos acertos. Certos erros. Crenças em pessoas que se desfizeram em suas verdades, como se elas fossem uma mentira pairando no ar até agora. Mas isso me da uma prazer gigante, pois mostra como ainda estou atenta e lúcida às coisas da vida, aos detalhes que nos movem e como ainda posso significar e resignificar tantas mil coisas que rolam por aí.
E como também ainda posso crer no riso por nada escapado de um hora pra outra. Como é bom o danone comido com o dedo e o biscoito furtado na madrugada. Ficar até tarde me maquiando e imaginando o que ele sentiria se me visse assim tão deslubrante. Comer meia barra de chocolate e nãop sentir culpa. Ser gordinha e não ligar aos padrões da globo... Ser feliz rolando na areia, chorando pro alguém, escutando música alta e até escrevendo nesse blog.
Ser feliz é uma capacidade de expressão e de viver e saber dizer não aos trechos maus cantados da vida que quem dita o ritmo somos nós mesmo.
Bom dia!!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eduardo e Mõnica

Essa música é muito dez. Lembro que eu, a Marla e o Reinaldo escutávamos e cantávamos andando na rua. Coisas de adolescente mesmo. Quando não, nós com mais outros amigos, nos reuniamos e iamos cantar Legião Urbana com o Edil no violão... era tudo que há de máximo. Da uma saudade enorme, uma vontade de chamar os amigos e curtir a vida tal qual era antes.

Depois de muito escutar, fui entender porque foi o filhinho de Eduardo que ficou de recuperação...

Eduardo e Mônica

Legião Urbana

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"
Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal", não agüento mais birita"
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo"
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz
Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação
E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O sábio exercício da morte

Tudo acontece há um certo tempo e nem nos damos conta de quanto tempo perdemos. Não aquele tempo cronológico, mas o empreendido, e desperdiçado e despedaçado, nos pensamentos, nos eforços de um encontro proposital, nas agunias de um telefonema não recebido, que na sua espera de meio em meio segundo olhamos para o visor angustiadas em saber se não perdemos uma ligação... justamente a ligação dele. Até nos darmos conta de que ele jamais ligará para dizer o que sente. Talvez ligue para um saída, para um saber como se passa, mas só... para saber da gente não lhe interessa, porque em muitos casos ele é mais gente do que a gente. Ele é mais presente em nós do que nós mesmos somos.
Hoje, uma garotinha de 9 anos morreu atropelada. Ficou desconfigurada e de dentro do ônibus a comoção pela visão cruel de seu corpo destruído durou nada mais que 5 minutos. Depois todos voltamos aos "nossos lugares". Quem escutava música, recolocou o fone no ouvido. Quem lia, reabriu o livro. Quem conversava, retomou a conversa. E quem estava em silêncio, em silêncio continuou a viagem. Uns minutos depois a mãe de um amiguinho de escola do meu filho, sentou-se ao meu lado e me trouxe de bagagem mais uma notícia de morte. De outra criança, que engoliu uma bolinha e morreu asfixiada. Contou-me do desespero dos pais e até deixou escapar uma lágrima. 15 minutos depois ofereceu-me um empréstimo consignado.
É incrível, ninguém se importa com a morte, mais de quem a sente. Podemos nos solidarizar, porém nossa vida segue, o barco segue, o tempo segue. Senão seguirmos pairamos no ar e quem se inscreve é o passado, que se torna tão forte e horroroso que pode nos matar. Quando deixamos um amor, uma paixão tomar tanto tempo de nossa vida, estamos enterrados sem saber. É preciso morrer para algo, para deixarmos que outra coisa viva. Essa angústia de tempode desperdiçado por alguém que não nos quer é um rancorzinho danado, que não nos permite seguri. Cretinice pura, afinal só vale à penas estar com que nos quer.
É o exercício da escolha: quando você escolhe um caminho, nega o outro. E para mim isso é o exercício da morte: quando você mata uma coisa, deixa que outra viva. É difícil. Mas nesse nascer um resgate de nós, uma parte de nós que nem conhecemos se apresenta, mostra-nos outro caminho, vem com outro fôlego, da outros brilhos e nos conduz a outra história, que nada mais é o encontro com alguém que deixamos para tras, que matamos para que essa história que atormenta venha. E assim como sabemos a hora de começar, a hora do fim deve se apresentar coerente e cruel. Mas e daí?
O pior é que quando estamos caminhando no erro, na morte insolente que ilude e nos deixa achar que a vida está correta. É claro que como toda e qualquer boa ilusão, caminhamos achando que tudo está bem, mas quando vem a dor, ou as dores, é hora de morrer, é hora de se resgatar e se oprtunizar viver... grande, gigante e serenos...
Porque a vida está de passagem e não nós. E todas as chances e coisas que vivemos ontem, morreram para nós, então que história inúteis morram também e que nos deixemos experimentar pelo desconhecido que só quem está vivo sabe deliciar-se.

domingo, 6 de novembro de 2011

Minha cara de pau?

Acho que preciso redimensionar certos valores e autojulgamentos. É incrível como aquilo que deveria despertar nas pessoas o prazer do bom convívio, o querer ter alguém do lado, funciona exatamente ao contrário: sinceridade. Daquela, assim, transparente mesmo, dado como pagamento ao preço de uma pergunta ou aplicada como força de boa conduta.
Mas não. Noto cada vez mais que as pessoas não sabem lidar com essa qualidade, porque não gostam de encarar a verdade em sua transparência estonteante. Acho mais conveniente encará-la e saber os solos por onde passo, do que simplesmente ir na dança fingida de que está tudo bem, que minhas atitudes valem à pena, de que eu me pseudoinventar em outra pessoa e encarar outras máscaras.
É claro que eu sei o preço que pago por isso. Já fui chamada de antipática, porque simplesmente no pé dessa pergunta "você está me chamando de fofoqueira?" ajoelharam-se e não souberam rezar. Já fui chamada de arrogante por simplesmente dizer que meu pensamento era voluído para permanecer em certos tipos de conversas, em patotas de amigas que não dizem nada além  da melhor roupa e qual a fulana da vez para falarmos. Isso para mim é falta do que fazer e como afazeres não me faltam, sugeri que buscassem também, que aí sim apareceriam assuntos que não estariam aquém das fofoquinha de cumadre.
Também sou super chamada de atrevida (para dispensar outros adjetivos chulos) por olhar, encarar e investir no carinha que estou interessada. Ora, passei a adolescência a fim de garotos, que se quer me olhavam porque eu era "fria" demais e agora preciso me desvincular desse rótulo. Também já fui chamda de louca, pirada e irresponsável porque me apaixonei por um doidinho aí, sem graça, e resolvi contar-lhe.
Mas e por que preciso redimensionar? Porque há 14 anos que tamborilo no peito um gostar despretensioso e só me resta a negação.
Bem... acho que não posso mais ser sincerar. Só que quando em penso em como agir diferente, só me vem a dissimulação e fingimento. E é assim que quero ser? Já não basta os que já o são?

Não! Pensando bem, é melhor ser sincero e pegar o temporal, do que ser igual a meia dúzia de gente duas caras.
Quem não sabe brincar, não desce para o playground - não é isso?

sábado, 5 de novembro de 2011

Andrea Doria

Não sei ser super fão de nada. Gosto muito de algumas coisas e outras gosto demais, amooo até, mas sem propagandear isso aos quatro ventos. Dentre essas coisas que amooo está incluindo o Legião Urbana, banda que conheci na minha infânciadolescência  e que até hoje me comove, tanto tando, do tipo: saber todas as músicas, todas os títulos, ter todos os CDS (espalhados por aí, é certo), ter a biografia do Renato Russo, a história do Legião Urbana e ser a única banda que escuto diariamente.

Coincidentemente o cara morreu dia dos meus 15 anos. Chorei tanto, mas à noite fiz um especial para eles. E até hoje me embalo aos seus sons, como já disse. Bem, tenho uma infinidade de músicas que eu amo, tem aquelas que eu não me afeiçoei. Mas como já escutei todas as músicas deles, de todos os seus CDs, incluindo os solos e internacionais, vou a partir de agora, pouco a pouco, postar as minhas favoritas, a começar com Andrea Doria...

Essa música era a minha alma quando eu era apaixonada alucinadamente pelo meu namorado mais marcante. Cantavamos juntos em videoquê, cantávamos juntos quando tomávamos uma cervejinha, enfim... ela era nosso hino... Vamos a ela:

Andrea Doria

Legião Urbana

Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...
Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...
Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...
Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...
Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

RETRATO

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

"Sabe o que eu quero de verdade?! Jamais perder a sensibilidade, mesmo que ás vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma!"
Clarice Lispector

Questão de classe!

Hoje o primeiro assunto do dia no trabalho foi a roupa mais bonita, na loja mais cara, com a grife aparecendo. A combinação disso tudo deveria denotar, evidentemente, que quem o diz é gente de classe. E de fato são, não posso deixar a frustrante hipocrisia de quem não tem dinheiro para comprar atire pedras em quem tem e pode usar o que quiser. Depois de o assunto enecerrado, lembrei-me de outro episódio conversado no mesmo lugar, sobre uma ex-funcionária que queria tanto ser "madame" ou ao menos parecer ser, mas que acabou devendo a alma e por isso se esgueirava pelos cantos e até encarava subida e descida  de dez andares pelas escadas só para não ter a terrível "sorte" de encontrar seus credores: resultado disso? Pediu demissão e sumiu, devendo deus e o mundo.
E tudo isso para quê? Porque o danado do dinheiro serve para te tirar e te colocar de níveis sociais. Porque o danado do dinheiro te proporciona horas maravilhosas de salão. Porque o danado do dinheiro te leva a restaurantes maravilhosos. Porque o danado do dinehiro faz com que devas até a alma, perca o sono, mas te oferece a ilusão que mesmo sem nem um puto no bolso estás feliz e a lambança causada por ele valeu à pena.
Ora, faça-me o favor: só pode se da a luxos constantes, quem tem dinheiro, quem não o tem deve manter a classe!
E o que é a classe?
É saber chegar e sair dos lugares olhando a todos linearmente e não de cima para baixo, como muitos que tem dinheiro o fazem. É saber que gastar é uma questão de responsabilidade, por isso se você não paga complica a situação de quem você não se preocupou em pagar, mesmo que esse cara já seja um podre de rico. É saber que dinheiro não pode tudo e que nas melhores roupas não estão as melhores pessoas. É comer com boca fechada e permanecer assim, porque em boca fechada não entra mosquito.
E principalmente é nunca motivar as pessoas a estarem com você por que tem ou não dinheiro e sim porque você é o amigo que muitos queriam ter. Seja porque você é prestativo, seja porque você é generoso, seja porque você é um bobão que todos te procuram quando querem se divertir, seja porque você é solidário, seja porque você tem bom papos e assuntos inesgotáveis, seja porque você é despreendido, seja porque precisa de ajuda e sabe pedir, seja porque você é só você.
Para mim questão de classe é se assumir e respeitar ao próximo. É saber a hora certa de chegar e se retirar, seja nos lugares ou na vida de alguém. É saber dizer o que se quer, o que se pensa e o que se sente, poque a vida é só essa.
E esse papo de melhores roupas, mais caras, das melhores grifes não é mais que uma  questão de dinheiro, que nada tem a ver com classe!

Será que eu tenho classe?

sábado, 29 de outubro de 2011

Flordelis ou Flor de Lis = Mãe amor

Ontem inicie a leitura do livro "Flordelis", que é a biografia de uma mãe de 50 filhos, sendo que 47 deles foram retirados da rua por estarem em situação de risco, como tráfico, consumo de drogas, prostituição e violência. A história em si é ótima, aliás excelente, porém não foi somente o que está sendo contado que me emocionou, mas o que despertou em mim. Vergonha e necessidade. Vergonha de não ter nem 10% da Flor vivendo em mim e necessidade de ter um pouco de sua coragem e salvar o mundo, tão corrompido, mas não perdido.
Cada relato de como ela salvou o filho, colocando quase sempre sua vida em risco, faziam com que meus olhos borbulhassem lágrimas. Mais lindo ainda era ela dizer ao final, esse é meu filho mais corajoso... ela não se abatia, nem se acovardava nunca. E eu? Achava que minha vida era coisa séria.
Sou mãe, boa mãe, luto pelo meu filho e daria a vida para protegê-lo. Mas não é a mesma coisa que essa mulher fez. Ela deu sua vida, por pessoas que ela ama gratitamente, sem dela ter nascido, por eles serem FILHOS DE DEUS.
Bem, ainda não terminei de lê-lo, falta pouco, mas assim que eu terminar venho dar meu parecer completo sobre o livro, maternidade, amor e doação. Também tentarei exercer um pouco de sua lição e aprender sobre amor incondicional.
Para terminar vou deixar uma passagem, bem no início do livro, que me comoveu muito: ela diz que não adianta pedir a Deus e ficarmos parados. Temos que pedir e ir para a ação, acreditando na luta, no amor empreendido e acreditar que vamos coseguir, porque sem essa certeza de nada adianta pedir.

Leiam, todos merecemos viver essa leitura!

domingo, 23 de outubro de 2011

Conversa de Botas Batidas




              Até conhecer a história da escrita dessa música, ela não era a minha predileta dos LH. Agora o é! O amor, na última decisão de sobrevivência, triunfou.

"Já não vejo motivos pro amor de tantas rugas não ter o seu lugar"

E agora estou abrindo minhas janelas...

De volta?

"Eu ontem joguei tanta coisa fora, eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias gente que foi embora, a casa fica bem melhor assim. O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu e lendo os teus bilhetes, eu penso no que fiz. Querendo ver o mais distante sem saber voar, desprezando as asas que você me deu..." (Hebert Viana)

Acordei determinada a me organizar, por não aguentar mais minhas bagunças cotidianas, só não sabia que isso me deixaria um tanto devastada. Abri o armário vazio e pouco a pouco fui carregando meus livros para dentro de mim (já disse uma vez que o meu quarto é meu universo particular). Depois de organizá-los, decidi emendar a faxina e arrumar meu guarda-roupa. Nossa, foi aí que tive contato com meu passado, meus fantasmas, minhas alegrias, decpções e algumas coisinhas a mais.
Separei centenas de convites de aniversários, que sabe Deus se ao menos o aniversariante ainda os guarda. Vi restos mortais de flores que me foram dadas em momentos gratos, mas que ao tocá-las fizeram tilintar em meu peito emoções doloridas e verossímeis. Restos de cabelos, dezenas de fotografias 3x4 de pessoas que só habitam minha adolescência. Cartas escritas que nunca entreguei. Cartas de amor que recebi, mas o amor acabou, então pra que guardá-las? Bilhetes, souvernis inúteis, presentes lacrados...
Fui, no início, separando o que jogar fora e o que guardar, vai que alguém para testar minha sensibilidade me pergunta se ainda guardo alguma coisa me dada num momento de carinho. Li alguns bilhetes, uma carta gigante que meus amigos de colégio me deram, uma carta de amor-despedida, uma foto escondidinha no meio de outras coisas... e as lágrimas rolaram. Eu era sensível e não sabia. Depois das lágrimas, saí e comprei 5 stela artoir, voltei e coloquei a música do início deste post no último volume e cantei o mais alto que pude como forma de exorcisar meus fantasmas. Abri as caixas e meu passado e decidi, assim, simples, jogar tudo fora. Depois chorei de novo e fiquei pensado em o quanto sou idiota em sempre adiar decisões da alma.
Se existem várias formas de ser feliz, existem várias de ser triste. E escolher a omissão é uma forma arrogante de não se decidir nunca. Posso escolher viver a vida e pagar todos os preços por isso. Mas posso escolher simplesmente apenas fingir que a vivo e andar por aí de esquina em esquina pensando em que bonde subir agora. E sinceramente foi isso que fiz desde que um amor que vivi até a última gota se foi. Não me permiti viver mais nada, lutar por mais ninguém, chorar com alma, passar noites em conversa depressiva com meu travesseiro, ser covarde por conta de um frio na barriga.. não vivi mais nada daquilo que se chama amor. Vou vagando e concluir isso me doeu a alma. E as lágrimas rolaram de novo.
Deveria ter como herança a aprendizagem e não o coração gelado, nevoado de ressentimentos com a vida que me fez sofrer. Deveria ter a cabeça aberta e não livre de opressões sentimentais. Devria querer chorar de novo por amor e não sempre ficar desejando o bônus.
Mas depois de inbriada por essas emoções e agora pela manhã me senti tão outra pessoa. Com covardias reais, sentimentos banais e querendo me agigantar no presente que se apresenta e eu tento dizer "não, muito obrigada". Se valerá à pena, como saber? Posso sempre olhar pra trás e chorar, mas me prender no passado não é a melhor forma de viver a vida... E eu não quero que meu passado me perdoe, quero apenas me sentir livre...

"A gente leva a vida inteira pra entender a vida, dia após dia, sem imaginar... se recusando a acreditar que pra estar no paraíso, basta amar, basta amar... e me da uma vonatde de cantar uma canção..." (Lobão)


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Strip-Tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O rio que está dentro de mim...

         Tem certos rios que me são difíceis navegar. Hoje escutando Sete Cidades e me lembrando de uma ação chula que eu não me recordo que fiz, mas que foi testemunhado por uma amiga, vejo o quão me é desagradável não aceitar os arredores de mim.
         “Como ele é idiota” berrei, enxuguei as lágrimas e fui da um beijo no homem que foi o garoto da minha adolescência. E vejo que seja embalada por notas de uma música, por uma saudade ou por uma vontade, sempre esbarro num pedacinho de mim, que eu, ainda perdida na minha adolescência, não consigo ocupar. Ou finjo não conseguir. Se antes um não nem me importava, agora a possibilidade de um me atormenta e me paralisa, me corroi os nervos e me manda para um deslize que reflete como “você quer se fazer de difícil”. Não, não o quero!
         Não é um comportamento traduzido por uma canção. Se eu tentar me reinventar, vou apenas tamborilar as partes de mim, que me fazem sonhar e sorrir. Serei tradição e sarau. Uma lua e um sol. Um enfeite sem graça na estante démodé. O canto bailou e meus olhos lacrimejaram por algo indefinível, recordado por uma música e incentivado pela bebida, derramado nos ombros de minha doce amiga. Nada a ver! O encontro não foi rasteiro, nem raso. Ele simplesmente não houve.
         Flutuando no hoje está minha ansiedade pela vida do amanhã. Minha rigidez do não saber dizer, se renderá a reza e as preces do singelo mais simples que a caminhada por algum motivo até ele me leva. Um pé que faz a volta ao passado, com uma cabeça que jaz uma menina, mas um coração incoerente e traiçoeiro, que na beira do abismo se absurda, se joga e se aterrisa leve, como numa valsa sem graça. E aprendendo com o que brotou do chão, que foi fruto de braços abertos, temor de ir podendo não ir, lágrimas de uma decisão, tristeza da superficialidade das coisas, mas universalizado no repensado, no endereço de quem sabe sempre o caminho de volta, mas quer se perder e se achar, “feito louca, alucinada e criança...”
         Já diria o poeta Capinam nesse mar tem rio e eu quero navegar.

domingo, 16 de outubro de 2011

Dúvida

Quem nunca teve um amor de adolescência que atire a primeira pedra. Daqueles que te fazem suar em bicas, que te fazem escrever cartas (melosas, ridículas e nunca entregues) de amor. O meu foi hilário e pertubador, como a maioria das minhas coisas. Ele nem sabia de minha existência, não estudávamos juntos, não morávamos perto. Mas foi por ele que vivi essa fase boa e doída que só as adolescentes sabem viver.
Eu o amava! "Disque". Nos conheciamos, mas ele não me conhecia o tanto que eu o conhecia.
Matava aula só para ficar na esquina da casa dele para vê-lo passar e ir sabe-se lá pra onde. Não sabia seu telefone, por isso nunca tive o propósito de ligar para ouvir sua voz, não sabia o que fazia na vida por isso meu único alento eram as esquinas, os encontros eventuais pela rua, um esbarrão proposital quando o via no supermercado e só. As carta, as rasguei assim que tomei consciência que era um amor juvenil. Cartas melosas, babonas e ridículas. Absurdamente ridículas.
Anos luzes depois, na mesma galáxia e quase na mesma esquina, eu o revi. Eu ía a uma festa e ele também. Iamos para a mesma festa. Lá eu o vi me seguir com o seu olhar. Meu coração palpitou, parei não de propósito ao seu lado, estávamos na mesma turma, no mesmo espaço, no mesmo canto, no mesmo tempo. Não era mais amor, nem sei se um dia o foi. Mas fiquei feliz de tê-lo ali tão pertinho, tão significativo pra mim. Depois ele tocou a minha mão e dançamos. Depois foi o beijo e o silêncio. Foi divino! Mas não realizador. O beijo era para ter acontecido há tempos, na minha perdida adolescência, nos anos de ouro que não voltariam mais. Era para ter acontecido naquela esquina em que eu ficava horas para vê-lo passar.
Depois eu sonhei que o encontro se repetisse, mas não tinha atitude de tomá-lo pra mim. Uma semana depois soube que ele estava namorando, como doeu.
Hoje, ele me ligou e me chamou a um churrasco. Eu queria ir, mas minha ressaca foi maior. Ele está por aqui rodando e sinceramente, acho que só depende de mim. Mas eu sou tão tosquinha para essas coisas, principalmente porque ele ainda vive dentro de mim, mas numa galáxia tão distante.
O que fazer? Eu quero mais um beijo...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Seja um idiota!

A idiotice é vital para a felicidade. 
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
hahahahahahahahaha!...
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.
Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!
 (Arnaldo Jabor)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

30 anos!

         São 30 anos. Carga de memória que não cabem na minha grande sacola de trabalho. Lições de escola e de vida que carrego na escola, na memória na alma. Horas de sorriso, minutos de choro, canções de esperança. Colo de mãe, abrigo de pai, contenção de irmãos. Esperança do filho.
         Trouxe a vida aqui comigo, desenhada, redesenhada, algumas vezes mornas, outras tantas quentes e intensas. Encontrei amigos, depositei esperanças em alguns, maledicências e indecências e traumas em outros. Entendi o que é um amigo, o que é um eu te amo fraterno, o que é ter paz, o que é angustia, o que ter alguém e não ter ninguém... e ser feliz!
         Não aprendi a canção da destoada. Andei várias vezes apressadas e algumas vezes simplesmente resolvi não andar. São 30 anos. Fiz escola da vida e normal. Desejei alguns brinquedos que não tive e nunca recebi de premiação de fim de ano por sempre passar direto na escola um presente, um prêmio, um louvor. Era minha obrigação a cumprir. E cumpri! Fiz alguns desajeitados planos de vida e de ir às festas que perdi na adolescência. Gastei dinheiro demais do pouco salário que recebia e amei loucamente um rapaz. Mas não foi dele o filho, foi de outro que me fez dormir, sonhar e me apaixonar. O único que me fazia sentir nas nuvens. Apaixonada pela paixão dele por mim.
         Sai para trabalhar cedo desejando a formatura no curso superior. Trabalhei e formei. Quis a especialização, mas antes dela veio o casamento que deu certo. Tão certo, que sou manifestação de um dos maiores milagres de Deus. Sou mãe do Victor e planejo a Isadora ou a Laura. Sou fruto do amor de meus pais e do cuidado dos meus irmãos e das apaixonantes declarações e segurança de meus amigos. Que sei que tenho e sei quem são.
         Sou especialista e quase mestra, já planejo o doutorado. Leio sempre, sem parar e adoro música alta, que agora está em rendendo novos problemas auditivos. Acho que cresci depois dos 24 anos. Cresci em termos, cresci me preparando para encarar os 30 e dele fazer uma autoavaliação e reflexão.
         Se estou feliz e satisfeita? Perfeitamente feliz e me sentindo muito abençoada por Deus e Nossa Senhora que me permitiram chegar hoje com alguns planos cumpridos, vida estável, cabeça no lugar. E principalmente ansiosa pelo que ainda está por vir!
         São 30 anos de história, de lição... 30 anos!
         Obrigada Senhor e Senhora e livrai-me de todo o mal: Amém!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Eu estava uma delicinha


            Pensem numa mulher com ego massageado pelo perfeitinho fim de semana. Pois é: sou eu. Quinta, eu, mais duas amigas e uma professora da Universidade Federal de Goiânia, a Lurdinha, fomos fazer turismos em solos paraenses. Aportamos numa noite às avessas. Fomos delicadamente apresentar-lhe Belém e até (re)conhecemos a cidade das mangueiras com os olhos de um turista. Mas, não é esse o teor do post e sim que eu estava uma delicinha. Vejam só a discrepância: estava “jogada”, depois de um dia inteiro trabalhando no congresso, que já mencionei aqui, aquele que me esgotou as forças, mas mesmo assim fui, cheia de sorrisos, graças e palhaçadas. Todas nós cheias de ótimo humor (em se tratando de nós, não poderia ser diferente).
            Estava determinado unicamente por mim que eu seria a última opção de cantada, visto que estava sem banho desde às 6h, trajava calça jeans e camisa do evento. O cabelo arrepiado denunciava o sair de qualquer jeito, o rosto evidenciava o excesso de retoques de maquiagem, enfim estava um horror. Porém, não é que após sairmos da Casa das Onze Janelas e cruzarmos com dois super gatos e soltarmos o tradicional “delícia” os rapazes ouviram, riram e um deles veio nos cumprimentar e pedir meu telefone. E o melhor: ligou! Apenas hoje, o que me fez achar nesses últimos dias que ele só foi ali tirar uma ondinha, ser simpático e até educado, ou seria sedutor. Mas na hora rimos da ousadia e atitude dele. Foi um perfeito gentleman. Adoro... No telefone a conversa rolou solta. Ele nas horas vagas é músico, pode? Rsrsrs Estudando para ser regente. Só espero não ter que dizer com a cabeça enfiada no braço “lá vem o Rafael”. Bem, mas é um prazer conhecê-lo. E fugi da rotina da senhora pizza aceitando seu convite para um sushi e já sei que irei passar vergonha por não saber pegar no rashi. Ai, que meda!
            Continuando as aventuranças do fim de semana, no sábado, pós-congresso, caímos no samba. Cheguei intimidada pela fama do local, mas depois de umas cervejinhas e a recorrente animação do meu povo, me joguei. Curti totalmente. E fui assediada. Um chegou chegando e ficamos, ah fiquei, normalmente não fico com ninguém em festas, mas o garoto era uma delícia, só que doido de marré marré. Depois de praticamente uma hora que estávamos juntos, tivemos nossa primeira DR, ele entrou em crise comigo. E eu? Rolava de rir daquilo que entendi como palhaçada. Para que ele desestressasse e se convencesse de que eu sou feliz dei uma voltinha inteira no quarteirão com ele, o convenci a voltar ao pagode, mas ele cismou em querer que eu fosse a um aniversário com ele. Eu mereço! Ria, rolava de rir. Quando ele resolveu ir embora, pediu meu telefone e eu por prevenção dei um número qualquer, que não era o meu, obviamente. Vamos combinar que adoro intensidade, mas desse jeito, to fora. Depois ainda no mesmo pagode, fui tirada pra dançar com outro gatinho que soltou “você é muito bonita” e eu que não me dou respeito (mas tenho quem me respeita kkk) devolvi o elogio dizendo “você também é muito bonito”. Trocamos telefones, para esse que se mostrou quieto, dei o número de verdade, mas não ficamos, galinhagem a essa altura da vida não rola de jeito nenhum. O amigo de minha amiga também chegou e pediu meu telefone, dei...
Ah, paciência! Não sou periguete, mas essa sensação de olhos de bonitos em cima de mim, me fizeram curtir, renovar-me e pensar por que não? É claro que agora é o momento das coisas voltarem ao seu lugar e combinar com a minha despachadeira de romances o que fazer caso eu me meta naqueles rolos em que eu sou campeã de me meter.
No mais, vou curtindo o recesso até o dia 09/10. Meu fígado e estômago pedem paz. Mas retiro-me com agenda cheia e adorando saber que estava uma delicinha. A dona do ego que volta ao normal!

domingo, 25 de setembro de 2011

Sábio...

De volta para o meu aconchego

Após uma semana intensa de muiiiitttoooo trabalho, agora desconecto e volto para me importar com o mundo real que me envolve. Mas já aviso que só irei me importar com o que vale à pena, com o que me da prazer e me rouba horas de pensamentos bons. E isso inclui pessoas!
Embora eu tenha me ausentado e recebido 1001 reclamações de coisas que ficaram pendentes, todos sobreviveram e tudo permaneceu (in)nalterado. E consultando hoje minha agenda, os meus recados nos emails, bilhetes deixados, mensagens não respondidas, noto que damos importância às coisas que nem nos pedem licença para nos solicitar e que , por isso, podemos sim nos sentir à vontade em dar um não, um não livre, despreocupado, despretenso.
Causa e efeito? Adorei perceber essa situação, principalmente por compreender que no meio das pendências tem uma penca de problemas que qualquer outra pessoa pode resolver, porém foram parar ali na minha sempre solícita subserviências às vontades daqueles que podem resolver e que para evitar a fadiga mandam para mim. Devolvi tudo, que resolvam porque já me bastam os meus, que por hora prefiro chamar de chateações que irão se dissolver. Problemas tem seu peso e por isso não os quero considerar assim.
Essa minha ausência não estratégica serviu para me mostrar pontos e solicitudes que teriam me deixado rugas e até roubado horas do meu sono, mas que esperaram. Esperaram. Tudo pode esperar. Aquelas pendêcias que eu não pude resolver, resolveram-se e aquelas que só eu poderia resolver , esperaram-me e tudo no seu tempo, ali no seu canto.
Então, vou dar as coisas as medidas exatas e o tamanho que merecem ter quanto ao que me importo e se eu devo me importar. Não irei perder tempo desperdiçando emoções, grilar com pequenas provocações. E também aproveitarei para me despir de discursos que giram em torno de mim, mas dito num vazio demagogo que me entristecem...
Enfim, a partir de agora vou me importar com aquilo e aqueles que me fizerem mergulhar no espírito das coisas que valem à pena se importar. E os problemas e/ou chateações que me esperem para as próximas emoções, porque, como dito, tudo tem sua hora para se resolver.

Eu mudei um pouquinho nessas percepções dos últimos dias e deliciosamente para melhor. As pessoas difíceis e coisas complicadas que fiquem para lá, pois pior que enrugar o corpo é enrugar a alma.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Com a cabeça em outro canto...

Acabei de receber umas mensagens de pessoas queridíssimas que adoram "me ler" e que estão ansiosas pelo próximo post.

Meus queridos, perdoem-me a ausência, mas é que essa semana estou mergulhada até a alma na organização de um evento de muita importância para mim, pelo qual estou batalhando há tempos e que me deixa sem a menor inspiração para escrever, mas bem mais sem tempo.

Adoro esse espaço, esse canto, esse tempo de escrita e realização, mas até domingo estarei com uma ansiosa ausência. Depois volto, inclusive com aquelas declrações que trocamos por e-mail, já recebi várias que por sinal estão uma delicía. A partir de domingo tudo voltará às suas normalidades e escreverei minhas impressões com toda alma que sempre escrevo, escapando da superficialidade.

Mas carreguem sempre a certeza de que "eu vivo feliz, tenho amor, eu tenho um desejo e um coração. Tenho coragem e sei quem eu sou, eu tenho um segredo e uma oração..." (R.R)


Até...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mas eu não ficaria bem na sua estante








Uma releitura MARAVILHOSA do clássico O mágico de OZ de Lyman Frank Baum. A Pitty consegui emocionalizar o emocionante. Muito boa!! Sem contar que "ninguém fica bem na estante do Outro... Sintam a letra...


Na Sua Estante

Pitty

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar

Meu antagonismo perfeito...

Como já comentei em alguns outros posts, sofro de insônia. Até passei essa última semana inócua a esse mal, porém há três dias tudo voltou à normalidade e eu voltei a experimentar o desprazer de acordar de madrugada e ficar pensando nada. E o pior, com uma vontade louca de fazer piquenique na porta do meu frigobar.
Mas essa madrugada foi diferente. Acordei às 2h e me deparei com uma mensagem angustiada de que o príncipe não estava conseguindo dormir também. Não sei se ele deduziu esse meu mal, se acha que sou anormal e estaria por algum motivo acordada ou se apenas quis partilhar comigo sua falta de sono. Parece bobagem, é certo, essa minha declaração, mas confesso que fiquei envaidecida com sua falta de censura em me procurar às 2h da manhã.
E isso redirecionou meu pensamento a algo que eu venho notando em mim e nos outros: o antagonismo. Precisamos ser antagônicos para sempre termos algo em que nos apoiar. Nós dois estamos motivando um contato permanente sabe-se lá o porquê. E em conversas anteriores, falamos sobre nossa sobrecarga de trabalho e estudos e de como queríamos ser mestres (ambos estamos terminando o mestrado) e de como ser professor é um sacrifício benévolo a quem acredita que a educação é a mudança necessária ao progresso do país. Talvez esse nosso contato permanente seja nosso elo com o mundo dos normais que se romantizam.
Sempre quis o diferente, pois acho furada ser “bulada” com o igual. Mas noto que é exatamente o igual que nos apóia e redireciona e é o diferente que vem para nos fazer alertas diante das coisas. Então, precisamos de mais binários que o necessário: precisamos ter contato com o bem o mal; com os maduros e imaturos; com a alegria e a tristeza, com o raso e o fundo; com eles e elas. É exatamente o antagônico que vem nos apoiar, como eu já disse.
O príncipe é exatamente tudo que eu quero e ao mesmo tempo tudo que eu não quero. Ele é meu antagônico. Se me paparica demais e percebe minha exclusão, vem e me da uma bronca que me obriga a resgatar um bem querer aprazível. Que eu quero. Ele está me apresentando a vaidade e o céu e até me fazer suspirar e achar a coisa mais linda do mundo receber uma mensagem às 2h da madrugada, quando há meses atrás eu odiaria o importuno.
Ele me devolve à Terra, quando diz que detesta novela e vai estudar. E me diz que sou furona e que por isso agora irá me sequestrar. Acho que ele me permite sentir a síndrome de Benjamin Button, pois estou num antagonismo perfeito me adolescentizando...
E se alguém estranhar, vou Cartolandar... "quero assitir ao sol nascer, ver as águas do rio correr, ouvir os pássaros cantar, eu quero nascer, quero viver..."

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Me temporalizando...





"Porque o tempo é mercúrio cromo e tempo é tudo que somos"

Renato Russo

A arte do desencantamento

         Desencantar é mudar. Embora para algumas pessoas essa troca constante de opinião retrate a pouca personalidade, julgo conveniente tal mudança, afinal com o clichê de que somos bombardeados de informações com a era informacional, como não mudar de opinião com tantas mudanças de comportamento nos invadindo? É a arte do desencantamento pós-encantamento.
         Acho que Marcelo Tas foi categórico ao afirmar que “ser coerente é para pessoas rasas e vazias”. Penso que não mudar de opinião é se tornar apático e indiferente a todas as deliciosas mudanças em que mergulhamos na vida. Goeth e Goya foram exemplos claros de mudança de lado, de opinião e de atitude. Ambos apoiaram a guerra: o primeiro achava uma magnitude a Revolução Francesa, o segundo reverenciava o Napoleão, mas após experimentarem as atrocidades que a guerra acarretava mudaram de opinião, passando, inclusive, a combatê-los.
         E mudar de opinião é não ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Por isso que vivo me dando o direito de mudar, de gosto, de preferências, de estado de espírito. Isso é o retrato de personalidade sim. Porque essa atitude ativa diante da vida, mostra que acompanho o barco conforme ele navega. Já votei no PT e no PSDB, até no PMDB. Também já decidi anular meu voto. Fiz campanha para mulher no governo e me arrepiei em apoiar uma à presidência, assim como levo um susto a cada ministro demitido pelo levante da tal faxina ministerial. Faxina em meses de governo é algo suspeito. É claro que posso achar isso fato necessário depois de mais explicações que fujam ao tendencionalismo grotesco dos jornais. Mas vem cá: como que os eleitos para ocupar um cargo no primeiro mandato dela a surpreendem porque não eram confiáveis?
         Já li Paulo Coelho e o achava o mais espetacular dos escritores. Porém o combati ferozmente à vaga a academia brasileira de letras – muito retórico e superficial para o cargo. Mas para entender esse ritmo já fui coerente demais e achava até que a Lei Maria da Penha era um marco na ®evolução feminina. Precisei quebrar a cara, indignar meu peito com as danças erotizadas. Ter meu nome colocado no SPC por terceiros, ver meu país carregar índice vergonhoso de que apenas 12% da população tem curso superior, ser assaltada e feita refém, carregar abuso de andar em ônibus lotado, fedorento e quente etc... etc... etc...
         Até entender que mudar e desencantar fazem parte da dança e rebarba da vida, por isso completando o trecho ao contrário “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante”.