sábado, 28 de abril de 2012

Chega dia 30, por favor!!

Foi uma semana árdua, dolorida e sofrida. A começar pela concretização da partida do meu irmão para o interior, uma semana inteira longe dos seus, sem saber, o que é pior, o que lhe esperaria. Vi a angústia nos olhos de minha mãe, na segunda, quando eu também parti para longe, mas por um período breve. Ficaram-lhe Aldo e Beto, os demais filhos, seus companheiros de perto, mas lhe sobrou preocupação em relação à estadia e segurança dos que foram.
Na segunda, o dia começou tarde, atrasado e imediato. Nada do ônibus que me levaria ao terminal, em razão desse nada eventual atraso, perdi o ônibus que me levaria para o trabalho no interior. Foi um jeito apanhar qualquer outro que me deixasse ao menos nas proximidades, rumei em um que iria para o Moju. Desci na alça, desconsiderando todo e qualquer perigo que ela sempre oferece e me pus a torcer por uma condução rumo ao Acará. Dois caras, super mau encarados, não paravam de me olhar, quando senti que meu tempo e autocontrole se esgotavam, surgiu uma carona, que me livrou de sabe-se lá de quê.
Chegando à cidade, imediatamente avistei o outro ônibus "senhor do meu destino". Corri gritando feito louca para não perdê-lo - às vezes a necessidade nos faz passarmos por situações inimagináveis, senão deploráveis. Passei direto para a escola,embora o suor, a fome, o cansaço mediassem minhas relações cerebrais, que insistiam em me direcionar para a cama. Foi uma tarde longa, sem sentido algum diante de tudo que me propus nesses últimos anos. A história de que nos refazemos e nos reencontramos nas dificuldades, nem sempre funciona. Mas a necessidade, por hora, é motor dos direcionamentos.
Segunda e quarta à noite não houve aula, por falta de transporte. Na quarta não houve energia, mas houve saudade de casa e o medo do escuro num ambiente desconhecido. Às cinco da madrugada, da quinta feira, acordei afoita para pegar a moto e rumar para minha casa, para os meus, para meu filho. Não havia como sair da cidade, pois suas principais vias estavam interditadas. Caos imediato e a pergunta "o que estou fazendo aqui?" não queria se calar. O que sei que não era eu quem perguntava, era algo além de mim: o Outro, bem que eu sabia.
Em casa, já quase no fim da manhã, rumei para o Detran apenas para descobrir que nada poderia ser feito em relação à transferência da moto para meu nome. Sono e viagem perdidos. Tristeza lançada pelo esforço depreendido, depois de vir para casa como uma fugitiva na boleia de um caminhão, desafiando todo o risco lançado quando se pega uma carona.
Quando finalmente ía dormir, fui assaltada pela notícia de que a filha do meu obstetra se jogara da janela de seu quarto, no sexto andar e morrera. Seu pai gritava de desespero, fazendo meu coração latejar de dor. Como pode um cara que ajuda dar luz às crianças, ter sua luz temporariamente apagada? Só Deus para lhe consolar...
Na sexta, as coisas pareceram voltar para seu lugar e hoje estou rindo à toa por tudo que o dia 30 me reserva e que eu sei que darão certo!!

sábado, 21 de abril de 2012

A favor das mentes sãs!!

Ontem, fui dormir ao som de algum sertanojento fanho, graças às bebedeiras de uns vizinhos de péssimo gosto musical. Não havia como não prestar atenção às letras insólitas que desprezam mulher, relacionamentos e quaquer coisa decente, ou indecente mesmo, afinal qual mais categoria musical tem tanta dor de cotovelo e de corno, além da pura falta de noção?
Lembro-me de, em  uma entrevista, Gabriel Chalita afirmar que os jovens brasileiros já estavam demasiadamente devastados pelas drogas e desamparo governamental e que por essa razão não mereciam mais uma violência em suas vidas, já tão precária de cultura: o sertanejo. Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso cultural há de concordar com tal afirmação. Para que o sertanejo? Ora, para auxiliar o capitalismo a devastar mentes, afinal o sertanejo não faz nada além de vender rimas pouco sofisticadas a uma elite brega e cafona.
Em contrapartida a essa contracultura, temos grandes fenômenos musicais invendáveis, além dos já eternizados, que deixaram uma herança musical sofisticada, desses Tom e Vinícius. Agora choquem, uma aluna veio me dizer que os amava, eu, inevitavelmente, elogiie seu bom gosto, até ela se mostrar cética às letras que eu desfilava aos seus ouvidos e ela me dizer não conhecer nenhuma. Na aula seguinte, eis que ela surge com um CD de Tom e Vinícius e eu, pasma, não conseguia crer que era uma dupla sertaneja, e o pior, ela se quer ouvira falar no Tom e Vinícius "de verdade".
Para devastar mais ainda um ouvido treinado, ouvi certa vez Zezé de Camargo dizer que sua influência musical eram os Beatles. Hã? Claro, eles consomem boa música para desintoxicar-se do lixo que produzem para vender, isso mesmo, não há prosa, nem versos, nem rimas, nem metáforas, há apenas e tão somente vontade de ganhar dinheiro às custas de mentes insanas.
Agradeço ao Chico Buarque de Holanda pelo impagável conselho: não ouça sertanejo, não reduza sua mente, prefira o silêncio à bobagem que reduz sua cultura ao lixo.
E siga o que eu, Chico e Suassuna te aconselhamos: ouça Lenine!!!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Queda interior


Se a queda é livre
o medo da queda
é preso.

Livre é a queda
sem embaraço
defeso.

A queda
de um homem
tenso
não é a guerra
do Peloponeso
pelo estreito
de um coração
perverso.

A queda
livre
é o próprio peso
de um coração
suspenso.

Toda queda
é o menosprezo
de quem cai
sobre si mesmo.

(Mário Chamie)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Metáforas da vida!

Paetê, água de coco, patchouli, cabra cega, pira cola e amedoim... Guarda-roupa, guarda-louça, guarda-mágoa. Põe na mesa, em baixo da cama, joga na cara. Mostro o umbigo e tira ambiguidade do jardim. Me dá uma flor, brinca de bem me quer, mal me quer, saravá!
Metáfora + Ideologia + Posologia + Apologia = Resumo de Páginas da vida.
Ei, psiu, joga água aqui para tirar o excesso de água. Insista na receita ruim, uma hora fica boa.  Lustra o vidro para ficar trasnlúcido. Ué, não é assim a brincadeira da vida? Perde aqui e ganha ali. O amor é maior, mas te faz mal, mas joga mais amor para perder o amor. A água e a receita. Seja sincero no papel de amigo, perca o amigo, porque sinceridade é para os inimigos. O vidro.
E a carapuça não cabe, quando cabe, finca na terra, passa o batom vermelho, cospe no chão até secar. Não melhora nada, grita, pede uma carne assada, para que a batata que asse seja a da perna. Bá!
Me oferece uma frase que eu te ofereço metáforas. Me dá um motivo, que eu te devolvo um deboche. Me pede um abraço, chora pequeno, declara amor, me denga no chão, afaga meu ego e dispara na contra mão. Me dá, tua mão e eu te oferecço a cara e o dualismo, comeu humor recendendo a limão.
Não quero ser teu outro, nem ferir tuas verdades, mas não vem como um pretérito declarando solidão com a pitada de um simulacro amoroso. Mentira na mentira que te pego.
Te dei mil metáforas, traduz esse adivinha e veja onde me limito e onde não chego na tua vida. De metáfora, de ideologias duvidosas, de posologia desmedida de minhas apologias e eu te digo, como se resumiu minha vida, para justificar meu não.
Não, eu não ficaria bem na sua estante!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Dos encontros desencontrados

A música era tudo que eu tinha. Fone no ouvido, óculos escuros escondendo a cara mal dormida, vontade de nem sair de casa, misturada ao anúncio de chuva para um dia inteirinho. E a buzina. E imobilidade do olhar fixo à diante. E a buzina insistente. E a ânsia de olhar o que se passava, sem ficar passada. E a buzina gritava mais alto, convocando todos os olhares para mim. Virei com calma, fingindo desdém. Mãos doloridas da bagagem pesada, a barriga roncando pela ausência do café da manhã e coberta com um frio, que se expandiu para coluna provocando aquele calafrio, ao ver o olhar, o sorriso e o convite, vamos? Quer carona?
Apontei meu percurso de contramão, na mão exata de quem quer ir seja lá pra onde for. Ele me oferecendo carona? Ele se dispondo a ir, pois exatamente nesse dia não precisaria chegar cedo ao trabalho? Ele a quem eu neguei o sorvete e lhe permiti o livro? Ele que gosta das músicas que me embalam e dos papos que me animam madurgadas inteiras. Silêncio. Vamos, preciso te contar algo e nem é tão contramão assim. Fui.
Nem era tão contramão mesmo. A carona foi rápida e prevendo o enredo contístico que a viagem anunciava, falamos rápidos e atrapalhados, queriamos contar um monte de coisas ao mesmo tempo, da música da estação à redescoberta magnífica de Calvin e Mafalda. Caramba! "Thau... trabalho longe, sem comunicação, mas quando eu chegar te ligo e vamos sair novamente para conversar".
Desci contente com o reencontro, mas sem levá-lo na cabeça, nem no peito e sem confiar na promessa dita e no pedido feito.
Hoje voltei. Calorão, estresse, cansaço mental e físico: mau humor! Desci do ônibus para pegar outro que viesse para meu lar e eis que a buzina novamente. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Meu rímel deve estar todo borrado, o pó a essa hora já evaporou e a pele suada e lustrosa, nem se fala!
Dessa vez a força do meu cansaço e minha ansiedade a lá são tomé me impeliram a olhar antes que o ruído da segunda buzinada cessasse. Era ele! Sorriso acompanhando o balançar da cabeça num gestual tão combinado que se traduzia no "eu não acredito". Nem eu, respondi com o sorriso no mesmo tom.
Entrei e nos demos um beijo longo e um abraço com desculpas mútuas pela aparência e cheiros acumulados: era fim de um dia de trabalho, estávamos autorizados. Depois a estranheza do beijo injustificável ficou pendurada no ar. Mas não fomos silêncios, nem medos... Fiquei com a impressão de termos deixado nossa tarde com as cores do fim de sábado e o cheiro delicado do início de um domingo "agaroado".
No mais, teve a tapioca, as velhas frases de Calvin, a partilha sobre Heresia, os inusitados dos filhos, a solidão do longe e do perto, o ode ao clichê e à generalização. O desejo do depois veio do lacre, transfigurado em simulacro, num sorriso, de então... tá. Te vejo mesmo amanhã? Amanhã? Por que não depois? É...
O resultado eu já, sei, mas tenho que correr que ele já está buzinando aí em baixo.
Fui...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

364 dias de verdade!

Eis o melhor e o pior de mim: individualidade e persistência. Pouca paciência tem se incorporado. A princípio eu relutei, mas vi que essa nova característica não era com todos, mas com aqueles que vivem o primeiro de abril na alma. Vem com palavras bonitas, regalias pomposas, mas com atitudes podres, mas tão tão humanas.
É certo que eu posso ser quem eu quiser, quando eu quiser e para quem quiser. Dar um ombro amigo ou, simplesmente, negá-lo, porque meus interesses são outros e tudo aquilo que eu disse que detestava, passo a amar. E tudo aquilo que eu desenhei em discurso, deixo quieto como sempre deixei, porque não me é conveniente, porque tudo aquilo que eu disse que sou, cai no esquecimento. Tudo porque o que prevalece é quem eu de fato sou, não quem eu desejo ser. Gosto muito de uma frase de Nietzsche que diz assim "detesto que me roubem a solidão, sem em troca me oferecer verdadeira companhia". E as companhias são agradáveis até um certo tempo, até quando as almas se encontram e você percebe que nada te foi oferecido, que nada foi acrescentado e a alma outra é uma mentira.
Tenho constatado que as pessoas burilam um mundo virtual em suas vidas. Mas não são almas, e sim sorrisos de aceitação, até o vazio se reapresentar. Uma vida vazia vivida há anos e gorjetas, que não pede para sair é no mínimo alvo de desconfiança. Mas eu digo o que quero, o que não significa que sou.
Isso tem, de fato, me enojado! Como posso amar o que desprezei? Busco compreender o que vem se passando com minha cabeça e minha resposta é que vivo um processo de decepção, de medo, de reticências, de crueldade. Não consigo fazer o perfil do morde e assopra e nem dizer que sou sincera, brigar e depois dar tapinhas na costa. Não consigo! Posso, até, restabelecer laços, mas daí agir como agrande  amiga de infância vai de encontro com todos os princípios que eu julgo morais e religiosos.
Detesto discrepâncias e quem me conhece mais afundo sabe o quanto até aceito umas mentiras sinceras, mas detesto, tenho horror a pessoas que são a mentira em pessoa, que se dizem uma coisa que não são, que gostam do que se quer aprovam e que se desnudam para o outro, a quem antes se quer mostravam a face.
E a minha persistência? É a de continuar sendo eu, doa a quem doer!

Tangendo a mea culpa

Ser professora de português não significa dizer que sei tudo sobre essa língua. Essa linda. Mas me dá suportes suficientes, para que eu olhe com mais rigor e menos perplexidade a algumas construções linguísticas. Bagño, renomado sociolinguista, defende a variação linguísta e discorre como ninguém sobre ela, e sem rir. Aline, adepta do ensino-aprendizagem e análise do discurso concorda plenamente com Bagño sobre os dialetos sociais, mas, em alguns casos, não consegue conter o riso. Bagño, seu lindo, me ajuda!
Mas de uma coisa já sei dizer: não sou eu que busco os erros, são eles que capturam meu olhar e minha audição. Em relação a esta é bem mais explicável o que ocorre, pois a variação linguística é realidade da oralidade, mas da escrita não. Os estudos ainda são poucos e, por essa razão, pouco se sabe da variação linguística escrita e blábláblábláblá Não é sobre isso minha postagem, só estou tentando me justificar, aliás justificar meu preconceito, que prefiro chamar de "o riso fora de mim".
Como disse, os erros me capturam, não o contrário. Quantas vezes já não passei na BR desatenta, mas estava bem atenta quando vi a placa de uma instituição de ensino com a seguinte propaganda "Venha fazer sua Pós na xxxxx em Educação à distância". Quipariuzes!!! Como é que uma empresa de educação permite um erro de crase? Aí, conhece! Vou fazer uma pós lá? Jamais. E ficarei atenta a quem já fez, somente para ter certeza se isso justifica o grau de desenvolvimento de nosso país.
Outro dia, quando estava almoçando com um amigo, entrou um senhor falando ao celular e disse "diz pra ela que vou sim levar ela em Belém, por cento e sessenta". Como a pessoa não compreendeu o valor, ele repetiu "Cento e sessenta". E mais uma vez "sessenta". Como a pessoa não compreendia o que ele disse, ele resolveu soletrar "sessenta S-E-C-E-N-T-A" É mole? E eu? Não contive o riso e soltei  gargalhada, fazendo o homem suspeitar que era dele, pois recebi aquele olhar fulminate, antes de sua saída, deixando-me com meu risinho sóbrio.
E no face? Caraca, é tanta coisa que fico abismada. E não venho com a conversa fiada de que antes de olhar um erro verifico o teclado. Erro é erro e desculpa é desculpa e ponto! Todo santo dia vejo você com "Ç", com certeza, a gente e a partir escritos tudo junto, ontontem, então, brinca pira, e o verbo infinitivo não conhece o erre nesse mundo virtual. Fora os "s" escritos com "ç" ou "z". Fora as concordâncias e a regências desconexas, fora os nove fora que dá zero de português e assassinato coletivo da língua.
E placa na rua. Deparei-me há duas semanas com uma que estava escrita lindamente, porém olha o contexto "Cuidado, cão PERVERSO". Perverso é o dono que acha que esse adjetivo é mais amplo que o cão bravo e, pior, que cachorro entende de perversidade. Congelei quando li essa placa e corri feito doida na rua para fotografar.
Mas sem forças para fotografar, fiquei quando li a placa de um cursinho, ali na Magalhães Barata, "Preparatório para cuncurso público" De onde, meu bem? Da risolândia? Imagina o português que é ensinado ali, deve ser de última (literalmente).
E para finalizar o post, não as histórias, porque tenho um portfólio delas, vai a que eu mais amo:

Vinha dormindo no ônibus e acordei exatamente na frente dessa placa. O acervo de erros é para matar ou de rir ou de raiva. No meu caso, quando essa placa me capturou, rolei de rir e precise de um mês, praticamente, para conseguir fotografá-la, sem testemunhas.
Se me der coragem falo mais sobre a "armonia" o "amo" "asaí" e o "cocô gelado (eca!)"
Por hora, PESSOLHIS DESCUPAS PELOS ERRO DI PORTOGUES DESE BLOG E PO MEU NADA VELADO PRECONCETO. NA PRÓSSIMA VEZ PROMETO QUE ANTIS DE POSTA ALGU PESSO QUE ALGUMA PESOA LEA O QUE EU ESCREVI PRA NAUM PASSA MAIS VERGONHA DIANTE DAS PESOAS MUITO INSTRUIDAS QUI AXAM QUE PODE RI DE QUEM PADECE COM A EDUCASSÃO NO BRASIL!