Sharlene, Nilda, Aline, Éden, Mamara, Déa |
Eis que em pleno sábado de julho a minha maior vontade é dormir... dormir... dormir... Mas essa vontade me transporta para um passado delicioso: minha infância!!
Mal chegava julho e eu já estava de mochila na costa para rumar a Abaetetuba. Era extraordinário estar lá. Todos os primos se reuniam na casa da minha querida Tia Luiza, que tinha um gigantesco quintal e uma maravilhosa sala, que fingiamos ser nosso barco. Não tinha muitas bonecas, brinquedos, mas isso não fazia a menor falta diante de tudo que um quintal e muitas crianças reunidas poderiam oferecer. Eu, Déa, Sharlene, Mamara, Nilda, às vezes a Lidiana, o Júnior e o Éden acordávamos serelepes, tomavamos um café histéricos e mastigando ainda o pão disputávamos quem seria o último a chegar ao quintal, claro que este seria a mulher do padre. Tirávamos o famoso zerinho um para saber quem seria a mãe no pique esconde, pira pega, pira cola. Ou, ainda no café, dividiamos o time para o jogo de futebol, mata, garrafão e nossa manhã iá tão tão rápido que nos revoltávamos com a chegada do almoço, do banho, do descanso. "já chega" gritavam as mães. Puro engano, não chegava não!!!
Tudo bem, tomávamos o banho, almoçávamos, voltávamos ao quintal. Esgotados, nós mesmos decidiamos que estava na hora de parar. Tanto na hora do almoço, quanto no lanche o riso corria solto, bastava um olhar para cara do outro para, pronto, todos cairem na gargalhada, sabe-se lá porque. À noite a brincadeira era pique esconde no escuro na nossa sala-barco, caramba era tudo muito engraçado, divertido e assustador.
Depois que os dias em Abaetetuba findavam, a graça era todos em Icoaraci. Como nunca tivemos quintal, íamos desesperados à praia do Cruzeiro e jurávamos ser a melhor do mundo. No outro dia, Outeiro e brincávamos até esgotar o último sorriso e o sono se anuniar.
Hoje já não temos tempo para esses encontros. Praticamente todos já temos família, filhos, contratempo no emprego, novos amigos, responsabilidades, o peso da independência... Mas nos raros encontros que temos, tenho a certeza de que fomos felizes, parceiros e cúmplices e que nada nesse mundo tem tanto sabor quanto minha querida infância. Nos amamos, partilhamos experiências juntos, mas a infância acabou. Se pudesse descreveria cada minuto, cada emoção, os aniversários, os joelhos feridos. Essas lembranças estão guardadinhas na seção de minha memória que me mantém em pé para a vida.
Sempre que, hoje, nos encontramos fazemos uma farrinha diferente, mas o carinho permanece o mesmo. Sabemos que podemos contar uns com os outros e eu, de todo meu coração, os amo demais.
Só tenho uma coisa a dizer: ANTIPÁTICA. rá rá rá!
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