Tenho andado cansada. Um cansaço que clama, naturalmente, por sossego. Não tenho vivido pouco, nem tenho sonhos engavetados, mas tenho expectativas advindas dos sonhos colhidos, vividos e, por vezes, sofridos nos tempos de colheita. Hoje, tive vontade de não levantar, pelo turbilhão de emoções vividos nesses últimos tempos, pelas escolhas mal acalentadas quando se percorre o interruptor no escuro e quando se acende a lâmpada ainda se tem um canto sombrio.
Cada vez mais tenho visto que escolha é tudo na vida. Que para colher os louros, podemos ser colocados em testes. Podemos não entender os papéis em cena e encenarmos e acenarmos caminhos por pura necessidade e menos diversão. Menos diversão, mais estupidez. Menos mãos afáveis, mais hipocrisia. Menos amor, mais paixão tóxica.
Se tentamos não deixar rastro ruins, temos que pagar o preço do rubor. Calar para não escandalizar, mas ser apedrejada pelo silêncio que confronta uma amizade sincera. As coisas andam bem, a parte ruim tem que aparecer, que condição de vida é essa? Quem definiu essa regra?
Tenho andado cansada. Pelo mestrado que parece nunca acabar e pela tensão angustiante dessa reta final. Pelo trabalho remunerado que estava colorido, e hoje está com cores de tardes gris. Pela distância de casa, e por não valer à pena frente ao desconforto, solidão e não se exercer o que se sabe fazer. Pela angustia do depois, e a não autorização por se viver um dia de cama com a sensação de um dia de cada vez.
Tenho andado cansada. Pelos amigos que não partilham meu silêncio e pouco aparecem para me acompanhar nessa fase. Pela dor de cabeça e o desvio de sono. Pelos conflitos que eu não pedi para viver e a insegurança instaurada nas linhas tênues que dividem a amizade e a inimizade. Pela falta de tempo para viver o que mais amo e pela obrigação de viver as regras cozinhadas em viés.
Tenho andado cansada e sem tempo. Desanuviando emoções. Definindo caminhos e escolhendo novos portos. Querendo romper o grito preso, querendo engasgar um monte de gente, querendo chorar, chorar, chorar e não adoecer...
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Corajosamente vivendo...diga-me