quarta-feira, 11 de maio de 2011

Na frente do espelho

Às vezes gostaria de sugerir a algumas pessoas que se colocassem em frente ao espelho para ver se aquilo que se conferem é aquilo que veem quando cara a cara consigo mesmo. Parece loucura, mas não é. Narciso o fez e se apaixonou por si, mas deixou um legado de egocentrismo, que enojam qualquer moral socialista. A bruxa da branca de neve não suportou saber que sua imagem não era a mais bonita e na frente do espelho desejou a morte de sua concorrente. Nero descobriu o pior e o melhor de si e acabou com Roma por vaidade e necessidade.
Segundo os simbologistas, o espelho representa a verdade do mundo, a sinceridade e a pureza da alma, por isso é comum utilizá-lo para autocontemplação e reflexão. Não proponho uma autocontemplação hollywoodiana, na qual a aparência física é o que importa. Seria como se degustar com uma autoajuda praticada cara a cara conosco. Nesse modelo, dispensaríamos os manuais práticos de auto ajudas que esbarramos por aí e que vendem como água: pessoas que nos falam sem que nos conheçam e nós, reles e desinformados mortais, A.D.O.R.A.M.O.S (ah, eu me excluo dessa lista, porque detesto esses tipos de manuais cheios de clichês vulgares do cotidiano).
Voltando a questão. Será que as pessoas conseguiriam encarar seus defeitos, crueldades e fraquezas? Será que conseguiriam encontrar explicações para elas? Será que as pessoas reconheceriam suas qualidades? Será que as pessoas beberiam seus acertos sem querer tocar fogo por aí?
É delicioso e cruel se olhar,  deliciar-se com o melhor e o pior de si. Não é como comer seu prato favorito e dizer que amou, ao contrário é se expor, é se entregar, é dar a cara a tapa e ainda assim se amar, ou se odiar.
É se colocar cara a cara com a verdade  e se valer dela para o bem. O exercício do espelho não é tarefa fácil, é um jogo de "eus", de autorevelações, mas que todos deveriamos nos proporcionar, às vezes para lembrar-nos que não, o mundo não gira em torno de nossas vontades e necessidades, ao contrário ele é maior do que nossa vã filosofia possa imaginar. E na sua imensidão, somos átomos significativos, passíveis de mudanças, de mutação... Ficar na frente do espelho é o maior benefício que podemos nos dar. Vale à pena!

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