Foi uma semana árdua, dolorida e sofrida. A começar pela concretização da partida do meu irmão para o interior, uma semana inteira longe dos seus, sem saber, o que é pior, o que lhe esperaria. Vi a angústia nos olhos de minha mãe, na segunda, quando eu também parti para longe, mas por um período breve. Ficaram-lhe Aldo e Beto, os demais filhos, seus companheiros de perto, mas lhe sobrou preocupação em relação à estadia e segurança dos que foram.
Na segunda, o dia começou tarde, atrasado e imediato. Nada do ônibus que me levaria ao terminal, em razão desse nada eventual atraso, perdi o ônibus que me levaria para o trabalho no interior. Foi um jeito apanhar qualquer outro que me deixasse ao menos nas proximidades, rumei em um que iria para o Moju. Desci na alça, desconsiderando todo e qualquer perigo que ela sempre oferece e me pus a torcer por uma condução rumo ao Acará. Dois caras, super mau encarados, não paravam de me olhar, quando senti que meu tempo e autocontrole se esgotavam, surgiu uma carona, que me livrou de sabe-se lá de quê.
Chegando à cidade, imediatamente avistei o outro ônibus "senhor do meu destino". Corri gritando feito louca para não perdê-lo - às vezes a necessidade nos faz passarmos por situações inimagináveis, senão deploráveis. Passei direto para a escola,embora o suor, a fome, o cansaço mediassem minhas relações cerebrais, que insistiam em me direcionar para a cama. Foi uma tarde longa, sem sentido algum diante de tudo que me propus nesses últimos anos. A história de que nos refazemos e nos reencontramos nas dificuldades, nem sempre funciona. Mas a necessidade, por hora, é motor dos direcionamentos.
Segunda e quarta à noite não houve aula, por falta de transporte. Na quarta não houve energia, mas houve saudade de casa e o medo do escuro num ambiente desconhecido. Às cinco da madrugada, da quinta feira, acordei afoita para pegar a moto e rumar para minha casa, para os meus, para meu filho. Não havia como sair da cidade, pois suas principais vias estavam interditadas. Caos imediato e a pergunta "o que estou fazendo aqui?" não queria se calar. O que sei que não era eu quem perguntava, era algo além de mim: o Outro, bem que eu sabia.
Em casa, já quase no fim da manhã, rumei para o Detran apenas para descobrir que nada poderia ser feito em relação à transferência da moto para meu nome. Sono e viagem perdidos. Tristeza lançada pelo esforço depreendido, depois de vir para casa como uma fugitiva na boleia de um caminhão, desafiando todo o risco lançado quando se pega uma carona.
Quando finalmente ía dormir, fui assaltada pela notícia de que a filha do meu obstetra se jogara da janela de seu quarto, no sexto andar e morrera. Seu pai gritava de desespero, fazendo meu coração latejar de dor. Como pode um cara que ajuda dar luz às crianças, ter sua luz temporariamente apagada? Só Deus para lhe consolar...
Na sexta, as coisas pareceram voltar para seu lugar e hoje estou rindo à toa por tudo que o dia 30 me reserva e que eu sei que darão certo!!