A batalha por um lugar ao sol, daqueles que acreditam que o estudo é sim uma das grandes armas para nos firmarmos na vida, foi o mote do Profissão Repórter de ontem, apresentado na TV Globo. Vidrei e vibrei com o programa, que mostrou relatos de pessoas, como eu, que há tempos dedicam esforços ao estudo, a fim de buscar retorno exatamente naquilo que ele proporciona.
Ao fim do programa, lembrei de um comentário feito por uma de minhas professoras no Mestrado, que afirmou que a intelectualização e culturalização amplia horizontes e perspectivas de trabalho, em contrapartida limita pessoas com quem você pode ter assuntos interessantes, que possam se desdobrar por noite e noites inteiras de bate-papo. Logo, que os interesses por pessoas e assuntos também mudariam.
Coincidiu exatamente com o que as pessoas que fizeram curso superior, especialização, mestrado e doutorado e que trabalham nas áreas de aplicação disseram: que elas mergulham no trabalho, nas leituras e escritas, por terem seus interesses silenciados pela ausência de alguém com quem dialogar.
Ainda não me sinto completamente assim, bem como sei que essa completude não me atingirá, considerando que minhas áreas de interesse são variadas. Não que eu seja eclética, mas é que transito por várias temáticas teóricas e literárias, que me proporcionam um livre bate-papo com pessoas de livres interesses. Mas sei, que alguns velhos assuntos já me cansam.
Há duas semanas, mesmo, estive na casa de uma colega e o pai dela foi a primeira pessoa com quem conversei sobre Giordano Bruno e a Heresia. Fiquei fascinada, pois todas as leituras que havia feito e guardado só para mim foram partilhadas com ele. Antes disso, estive na casa de outro amigo e ele simplesmente conhecia Lacan e Freud, mas conhecia mesmo, de saber, de citar, de compreender. Me fiz! Com uma grande amiga, sempre converso sobre Outro, Ethos e a questão feminina... debatemos sobre valores educacionais, desses que não se restringem a considerar como bom educador aquele que inova nas aulas (por sinal, essa crença tem que acabar). Há dois dias, estive com outro amigo, que debateu comigo a questão do Tempo, da Morte e dos Oráculos, que são vertentes a que dedico leituras desde a adolecência, com exceção da ideia que ele debateu sobre a morte, que me foi totalmente (e absurdamente) nova. Agora estou lendo um blog que apresenta reflexões e ironias que você nunca imaginava encontrar, de forma tão inteligente (até Pargom está por lá).
Aí, você vai cansando dos velhos papos de sempre, das mesmas piadas desgastadas, porque de repente seus assuntos emergem e você tem com quem partilhar de maneira profunda, fugindo da tautologia. A linguística tem funcionamento em todas as vertentes a que ela se propõe e você começa a entender que se matar estudando te proporciona algo além do que se espera.
Aí, você vai compreendendo a solidão e o sarcasmo que só os intelectuais tem. A ironia, a falta de paciência, a falta de amigos, que vejo alguns doutores comungarem, embora desse último tenho pavor, afinal sou adepta dos besteirol, que só so amigos proporcionam e ser visceral cansa.
O programa foi genial, inovador, com suas discussões sobre a crença nos estudos, sobre se transformar pela educação. Convergiu exatamente para a máxima apresentada de que a Educação transforma as pessoas, é essa educação que transforma a de quem toca e é transformado por ela, não as do discurso sobre. Porque tomar o clichê irrefletidamente estagna o país, mas seguir o exemplo de quem pratica a transformação faz com que o país avance!
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Corajosamente vivendo...diga-me