segunda-feira, 25 de junho de 2012

Preservar a face. Como?

Preservação das faces é, como o próprio nome sugere, o ato de preservar as faces (ou a tentativa de) , de não se expor, ou de se expor. E por que faceS? Porque há a face positiva e a negativa. Uma da qual temos domínio parcial, outra da qual não temos domínio algum. Isso aponta para a questão de que tal fenômeno transita entre o ponto de tensão do sujeito, que ao mesmo tempo busca ter controle sobre o que diz, mas que também apresenta "descontrole" sobre tais escolhas.
Vejo, nas redes sociais, conselhos imediatistas, pedindo que as pessoas preservem suas faces. Tenho tido, ultimamente, especial interesse por essas postagens, pois ao que me parece as pessoas se julgam controladoras dos sentidos que emergem ao enunciar, quando na verdade os sentidos são construídos no momento da interação e é a partir dela que iremos analisar as faces. Sem termos controle disso, sem tentarmos preservar.
A Psicologia também apresenta um estudo relevante sobre a questão das faces, bem mais relacionável ao nome do que a Linguística. A primeira ciência, entende preservação das faces como algo ligado ao comportamento, e sobre o qual temos controle. Já a Linguística exclui a noção comportamental, uma vez que na AD o comportamento não é passível de se ligar aos fenomenos do discurso, assim  como firma a concepção de que não temos controle do que somos por sermos sujeitos heterogêneos. Logo, como preservar as faces senão temos controle total do que dizemos?
Nas redes sociais, tentamos construir uma imagem de nós no discurso. Quando postamos algo, buscamos atenuar nosso discurso com modalizadores, que revelam quem nós tentamos ser, mas que na verdade mostra quem nós somos. Isso acontece seja quando postamos mensagens pacificadoras, seja quando postamos mensagens que atacam. Para uma analista do discurso é aterrorizante ler o que circula na net, bem como postar o que se deseja postar, ou o que se gostaria de postar. Acho que uma especialista em AD jamais deveria circular na rede.
Por mais que tentemos construir imagens valorizadas de nós mesmo (face positiva) no momento da interação, não quer dizer que ela será compreendida como tal. Daí as amizades e inimizades, daí os ódios e amores. Isso porque, há o território do eu que é mostrado e o que não é mostrado, que se busca preservar de si (face negativa), para que o outro não nos invada, ou para fazermos com que ele veja somente o que queremos. Mas isso nem sempre dá certo, uma vez que toda interação é por si só um ato ameaçador.
Bem, então? Não podemos controlar as faces, mas podemos ser polidos, ou tentarmos, ao menos, sê-lo. E essa discussão, tendo por corpus postagens no face, é meu próximo objeto de pesquisa. De onde partiu tal ideia? Das postagens, como a que vvi ontem, de pessoas que clamam para que preservemos as faces durante as postagens. Ora, e como?

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