Passei parte da minha adolescência escutando esse clichê, que até bem pouco tempo eu julgava como barato: "a vida é muita curta para não ser vivida". Ressalto que era o clichê, não a exata ideia do que ele correspondia, que eu achava super barato. Sua compreensão e a concepção mudaram de status nesses últimos dias, pois várias emoções me bombardearam, desde atitudes de amigos, passando por vivências pessoais, até escolhas repentinas de pessoas próximas a mim, que aparentemente estão vivendo um inferno pessoal.
A ideia de que a vida é curta é fato. Mas ela só é possível ser vivida intensamente se optarmos ou pelo sim ou pelo não, uma vez que o meio termo nos deixa pela metade, sempre. E estar nessa vida para ser mais ou menos uma coisa, ser feliz mai ou menos, estar satisfeita mais ou menos, é para qualquer um, não para quem sabe quem se é, o que quer e o que pretende levar dessa passagem pela terra.
Por esses e outros tantos motivos que não me rendo a qualquer emoção, mas também não deixo de sentir e dizer o que penso. E por essa mesma razão que detesto me imaginar numa história que fatidicamente vai me roubar fatias de emoções, com goles nada inusitados de ações desnecessárias. Como vivo me repetindo, detesto entrar em um "lugar" e não sair dele renovada. Detesto não degustar de uma boa originalidade e, principalmente, detesto me meter com pessoas bobas, que me fazem sentir mais boba ainda. Essas situações e seus resultados me fazem sentir desnuda diante da vida. E viver a vida é coisa que sei fazer bem.
Não no sentido de curtir, ir a badalações, viver em festas, rodeada de pessoas, mas no sentido de viver minhas escolhas até a última gota. Me declarar, estudar, trabalhar longe, beber, ou seja, pagar os preços. Nenhuma decisão pode partir do nada, pois toda escolha nos leva a algum lugar.
Por isso, antes de pegar um porre, pense na ressaca. Antes de se declarar, pense na cara virada. Antes de querer estudar, pense na abnegação. Antes de fechar um contrato trabalhista, pense nos transtornos. Antes de pedir um beijo, pense no gosto. Antes de casar, pense no ônus. Antes de gritar, pense no ouvido tampado.
Mas saia do quarto, negue o travesseiro, saia do armário, busque um amor que valha à pena, em especial seu amor própro, afinal "a vida é muito curta para não ser vivida".
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Corajosamente vivendo...diga-me