Ultimamente tenho me apoiado nessas três reflexões para me autojulgar, me autoavaliar e, principalmente, me autodizer:
1 - O que você tem todo mundo pode ter, mas o que você é ninguém pode ser (Clarice Lispector);
2 - Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido, se tudo tivesse dado certo (Renato Russo); e
3 - O dono da dor sabe o quanto doi (Zeca Pagodinho).
Quando em janeiro do ano passado tomei a decisão de não dar mais aula, tentei escapar de meu destino, de minha vocação, de minha profissão de professora. Como era bolsista, fiquei durante cinco meses vivendo da bolsa e estudando feito louca. Até aí tudo bem! Mas como sempre fui elétrica e por gostar muito de trabalhar, decidi em junho fazer um concurso para trabalhar numa instituição super conhecida. Esta viria a ser a tomada de decisão mais louca de minha vida, a começar pela mudança brusca de horário e função. Era apenas uma vaga, como eu não tinha nada a perder, fui fazer a prova e passei em primeiro lugar. Que legal, foi minha primeira impressão. Porém, não era nada do que eu sabia e gostava de fazer. Do legal, passou a ser que choque! Mas fui levando, pois a grana era boa, o chefe maravilhoso e alguns colegas de trabalho valiam ouro.
De repente tudo foi se misturando, frustrações com nostalgia; desamor com ambição; humilhação com saudades. Foi então que eu descobri que eu era feliz e não sabia. Eu me dei conta, já no finalzinho do ano, que toda confusão de sentimento era exatamente porque eu tinha perdido minha identidade. Eu me perguntava constantemente quem eu era e eu nunca tinha resposta. Eu não era ninguém! Então a grana boa que aquele emprego me oferecia passou a não ter tanto sentido e nem a produzir os mesmos prazeres, vi que "O que você tem todo mundo pode ter, mas o que você é ninguém pode ser". Decidi devolver a minha identidade, pois niguém mais faria isso por mim, que eu dependia disso para ser feliz.
Claro que a decisão não era da mais fácil, já que eu tinha a segurança de ser concursada. Porém, ouve a mudança de diretoria e a passei a sentir o peso da mudança que recai quando uma pessoa recebe um poder, "De poder a uma pessoa e você a conhecerá" caiu como um peso em minhas costas. O mar de rosas, apoio e respeito que tinha do antigo chefe se transformaram numa profusão de sentimentos e atitudes ruins. Foi, pois, a gota d'água. Chorei, dormi angustiada e depositei nas mãos de Deus minha decisão. Dois amigos, anjos de Deus, vieram e resolveram meu problema e me devolveram minha identidade. Professora de novo! Disse isso com um orgulho tão gigante, que nem sei explicar. Compreendi que "Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido, se tudo tivesse dado certo". Fato incontestável! Assim como compreender que Deus escreve certo por linhas certas, nós é que as entortamos.
E tudo se aliviou, tudo se resolveu, meus planos foram retomados, os sonhos resgatados e tive a certeza de que jamais tentarei escapar do meu destino. Aprendizagem é tudo, afinal "O dono da dor sabe o quanto doi".
Hoje sei que nessa semana fui do céu ao inferno para compreender de uma vez por toda, que eu jamais conseguirei me definir senão por mim mesma. Eu sou meu divã!
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Corajosamente vivendo...diga-me