domingo, 11 de março de 2012

E quem vai dizer thau?

Há quatro meses a conversa estava engatada. Não me engasgava, nem me incomodava, muito menos me assombrava, apenas a condição do não dito era o que me deixava danada. Mas ontem a atmosfera estava propícia, eu estava serena e ele veio me oferecer seu parecer, que também estava, aparentemente, engatado. E ele me ofereceu uma conversa de botas batidas, para confirmar que um amor de tantas rugas, não tem mais nem um lugar.
Acho que o pior de não poder dizer, é não saber o que pensar. Não nos conheciamos, não tinhamos amigos em comum e nem faziamos a diferença um na vida do outro. O que eu sabia dele e o que ele sabia de mim era apenas o pouco do que tinhamos oferecido um ao outro, sem suportes de verdades ou mentiras. Podiamos ser o que quisessemos: um fantoche, um desenho animado, um olho arregalado, uma indiferença ou um coração partido.
Eu fui o coração partido. Ele, a indiferença. Mas só depois que as coisas sossegaram dentro de mim e eu fui compreendendo todas as outras coisas que me dispus olhar, compreendi que "é de sonho e de pó, o destino de um só", afinal o controle que temos nas mãos é quando esbarramos na racionalidade, o resto é desassossego. Eu vivi em caps lock o que se apresentou. Não tive medos, nem emoções de cordel. Me disse, me redisse, não me contive e precisei me redescobrir no lugar que eu há tempos não explorava.
Ontem, na hora da conversa, precisei lembrá-lo que o que pensamos sobre o outro é problema nosso, cada um com o seu e cada um na sua. Não escolhi as palavras e tudo que havia ensaiado para a conversa desmarcada no calendário há quatro meses, ficou perdida. Foi melhor assim. A conversa fluiu e quase tudo que eu precisava dizer, eu disse. Não precisei fingir naturalidade, nem me incomodar ou mesmo me preocupar com o que ele pensaria. E me rendi a constatação que quando estamos apaixonados, somos passionais e perdemos  para nós mesmos. O que não foi meu caso, ontem. Tranquila, as coisas foram parar onde elas precisavam ir.
"Somos se pudermos ser ainda, fomos donos do que hoje não há mais. Houve o que houve é o que escondem em vão, os pensamentos que preferem calar, se não, irá nos ferir um não - Mas que não quer dizer tchau".
E quem vai dizer thau?

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Corajosamente vivendo...diga-me