Fico irritada com desamor, que gera hipocrisia, que autoriza a demagogia, que, por sua vez, lacra a solidão, que subjulga a burrice. Efeito dominó puro, uma mesquinharia da alma produz outras tantas que nos torna adjetivos inúteis e imundos. Tenho cada vez mais pensado nisso, por conta do facebook, pois fico imaginando o quanto deve ser um inferno astral àqueles que precisam ser o tempo todo um outro qualquer. Imagina ter que confirmar sempre que se tem um amor maior e indolor, que não sofre, que se é feliz na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza ou na miséria.
Mizerê da alma! Ou, pior, ficar se esgotando na tentativa de convecer que sofre, mas está passando, veja as fotos, aprecie meu sorriso, interprete minha alma nua e crua. Onde é mesmo o lugar da alma nessa história?
Mude de status de solteiro para "relacionamento sério" e veja o quanto sua felicidade muda, afinal não se está mais só. Se tem alguém, que você declarará ser seu grande amor, mesmo que daqui há quatro meses o relacionamento tenha se esgotado e você precise chamá-lo de cafageste e confessar-lhe que ele nem era tão bom assim, principalmente de cama.
Monotonia. Desamor. Solidão. Inferno. O jogo da vida é mais social que o face, mas por que poucos notam isso? Por que as pessoas querem confirmar o tempo todo a retórica da felicidade online? E fora da rede, deitada na rede no canto da varanda a felicidade existe, ou ela está no cantinho, encolhida doida para ser tomada pelas mãos e firmar uma perfeita parceria? Ser feliz é para poucos, cda vez mais me convenço disso.
Ser feliz é viver as oportunidades na certeza de que sempre se pode seguir em frente, mas nunca voltar atrás. É encarar o temporal e no fim apreciar a chuva esscorrer no corpo. É rolar de rir das coisas simples. É acolher um amor no braço e com ele aprender o dom do amor construído. É simpples, é demais, é suportável, é enriquecedor.
Mas ser feliz não cabe nos caracteres do face, no amor afanado na rede, dos conselhos dados, que são copiados coletivamente.
Ser feliz para mim é aceitar a vida, seus desenhos, suas vias... Acho que gosto tanto disso, que tenho poucos medos e muita falta de vergonha na cara. Não vejo problema em me dizer por aí, mandar um sorriso, um bilhete, um convite. De chamar os amigos e rir até doer a barriga, de chorar com medo de uma apresentação e vibrar com a vitória do meu time.
Querer um sim, mas adorar dizer um não. Conversar horas sobre filmes e livros. Debochar, ser irônica, ser boba, engraçada e preguiçosa. Ter o dia na mão e fazer dele o que há de melhor.
Porque eu acredito que quando se vive assim, o amor acontece e o desamor perde espaço... E eu gosto de viver tudo, mesmo que o tudo pareça tão pouqinho!!!
E o que não me irrita? Ora, a coragem de se da um pouquinho de um montão!!
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Corajosamente vivendo...diga-me