segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ensaio sobre a idiotice


Hoje acordei com uma ressaca moral. É exatamente assim que determino meu estado de espírito. Razões para isso não me faltam, mas tem sempre aquela que vai lhe roubar horas a fio de pensamento, durante um dia que parece não terminar nunca. O grave nisso tudo é que eu fico entalada com o que não pude dizer e essa promiscuidade de sentimentos compromete gravemente minha (in)sanidade .
Ontem esqueci meu celular por aí, por algum canto da casa. Mobilizei uma multidão de sobrinhos, até que o achei com inacreditáveis 37 chamadas não atendida. Nossa!!! Quanto prestígio, ou alguém morreu? Nem uma das alternativas, mas fiquei pálida mesmo assim, descrente no dono da ligação, em sua insistência em me falar sabe-se Deus o quê!
Retornei, quase meia noite, expliquei o ocorrido e quando engatávamos uma conversa, a ligação caiu. Retornei uma, duas, três vezes, até enfim compreender que a ligação não havia caído, ele que havia desligado sabe-se lá porque. De manhã acordei sentindo-me uma perfeita idiotinha. Passei a organizar meus pensamentos e deduzi o quanto ele deve estar marginalizando minhas emoções: "Ela está na minha"; "Doidinha por mim, mas só falo quando eu quiser"; "Deixa ela ligar, depois eu invento qualquer coisa, ela sempre cai mesmo". Bem, ironia ou não, ele tem razão!
Razão em me entender como idiota, porque só alguém depois de passar pelo que passei, desdobra-se tão rápido a crença de um relacionamento amigável. Ora, ora, ora! Fui razoável com ele o tempo todo e ser razoável com gente estúpida é muito perigoso. Não estou com vontade de soltar os cachorros, minha ressaca não me permite. Também não quero perder tempo questionando sua atitude, de que valeria? Reforçaria sua atitude, pois "olha, ela me cobrou explicações".
Mas é certo que estou com uma ocasional postura de me valer idiota. O que mais seria? Ser idiota é simplesmente persistir no erro, justamente o que tenho feito: ser idota! Sair de rota não é a melhor via; pular o muro e fingir que passou, deixar a noite vir e "nada melhor que um dia após o outro" não conta. Fui idiota e vou ter que me ver comigo, afinal é necessário uma certa dose de estupidez para se fazer um bom soldado, já dizia Nietzsche antes de chorar e cá estou eu aqui, com o peito doendo aguentando o choro. Velando minha estupidez.
Eu aguento mais essa, vou continuar a atender os telefonemas, conversar no msn, sorrir à revalia. Tudo como era antes, porém agora atenta aos empencilhos da esperteza, afinal, segundo Getúlio Vargas, "quem não aguenta o trote não monta o burro". E montada estou, mas dele não caio mais!

Com fome de lascar...

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