Dois mundos e uma só vida. É assim que traduzo o verbo "diferença de atitudes": educação, amor, esforço, compaixão, facilidade, dificuldade. Dois mundos que me foram apresentados, embora eu esteja dentro de um deles há nove anos, embora eu o precisasse negá-lo para, então, entender-me necessitada vorazmente dele. Acho que o mundo da educação, tal qual o exercício da maternidade, tem que ser de dentro, de vocação, de amor. Para traduzi-lo, faço um empréstimo de Cecília, suponho que para entendê-lo você precisar entrar em contato, ou toca ou não toca.
E é assim e foi assim desde sempre. Mas, ultimamente, esse universo tem roubado meu sono, meu paladar e minhas angústias. E tem me devolvidos os sonhos plantados lá na graduação, bordados na minha mente e estampados na escolha há dez anos quando eu resolvi ser professora, quando eu precisei ser educadora. Se me arrependo, não? Se já me arrependi? Já. Se já me envergonhei face ao aarrependimento? Muito.
Ver crianças que se deslocam às cinco da madrugada, enfrentando até 10km de distância para assistirem aula é um exercício de motivação sem preço. Às vezes elas tem fome, às vezes carência, às vezes olhar vazio, mas o que elas tem demais é uma vontade louca de estudar e de ser criança, em suas poucas horas de oportunidade. Mas ver crianças com preguiça de estudar, com todos os aparatos tecnológicos às mãos, somado ao ódio transmitido ao professor por "eles inventarem" os estudos, negar sua infância porque a moda é o beijo na boca, é latentemente descartável e não me toca. E eu sou platéia e atriz desses dois universos. Adjuvante na força da transformação e lutadora atuante na transformação daquilo que eu me propus aprender, a tocar, ler e fazer.
Leio muito. Amo esse universo transloucado dos livros, dos autores, dos argumentos disputados nas pesquisas, nas teorias sobre educação, que às vezes é de alguém que fala de fora. Amo a escrita da leitura e meus poucos e tantos livros, que são meus apoiadores nessa luta de mundos diferentes, de universos ímpares.
Hoje foi lindo. Meu currículo foi lido há uns dois meses. Tive uma conversa informal, que lá no fundo eu sabia que era um teste de devoção para testar minhas habilidades linguísticas, educacionais e humana. E o resultado foi um convite inicial para ministrar uma formação aos professores municipais, seguido do convite para coordenar uma formação do laboratório de informática, somado à convocação para montar uma sala de cultura/leitura e coordená-la. Por quê? Porque eu sei o que sei, porque eu me achei e me entreguei ao meu sonho de ter a educação próxima assim de mim...
Ou seja, eu a conheci, a toquei, a experimentei e sei que a educação está tatuada na alma, no meu coração, no meu espírito de olhar além, de querer e fazer...
Obrigada, Senhor!!!
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Corajosamente vivendo...diga-me