quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Claudiana...

         2008. Liguei para meu amigo para chamá-lo para jantar e tomar uma cervejinha e ele “Passa aqui em casa, que to aqui com a minha namorada e vamos todos juntos”. Já fui com aquela típica pulga atrás da orelha, mas enfim...
         Na primeira buzinada avisando da minha chegada já notei que a pessoa não regulava bem, já que para namorar esse meu amigo só pode ser sinal de anormalidade e para ter a cara de doida que ela tem, bem! Lá no Maia, comendo peixe e tomando uma cervejinha o papo foi rolando e fui até me agradando de sua amizade, até ela soltar “Toma logo esse resto, otária”. Meu amigo já me olhou com seu olhar de perplexidade e no dia seguinte já quis saber de minha reação frente à (pseudo)hostilidade de sua namorada. Normalmente eu a teria detestado. Mas aí, trocamos MSN, solicitações de amizades no Orkut, telefones, confidências bestas e fomos levando. Ela como namorada de meu amigo, eu como amiga da namorada do meu amigo.
         Como eu estava estudando para fazer a seleção do mestrado, perdi o tradicional almoço do círio de Icoaraci na casa desse amigo. Lá uma chuva de emoções aconteceu e ela saiu desnorteada, mas com os nortes começando a orientá-la.
Virada de fim de ano 2008/2009. Eles chegaram a minha casa e uma declaração polêmica, daquela em quem nunca se deve confiar, estragou o ciclo que deveria ser só festas, mas inaugurou um laço que se mantém. Eles terminaram, depois conversaram, depois foram conversando e depois foram me envolvendo cada um com seu desabafo. Encantei-me com ela. Um tempinho depois, fevereiro de 2010, fomos convidadas por ele e pelo irmão para assistirmos ao jogo do Santos e Flamengo e lá acabei “ficando” com o irmão dele, que tem o nome muito próximo a um xingamento (eu não me aguento). O rapaz simplesmente cismou comigo. Queria-me a qualquer custo, tratava-me como se eu fosse a mulher ideal com quem ele gostaria de viver para o resto da vida. Eu o tratava da melhor forma possível, nunca lhe neguei um telefonema, uma bate-papo pelo msn, mas à distância sempre. Como ela era amiga dele receava pedir-lhe ajuda, mas não aguentei e desabafei com ela alegando ser impossível alguém querer viver para vida toda após dois insignificantes encontros. E não é que a doida me ajudou depois de um plano mirabolante, que, por Graça Divina, foi o elo indelével de uma amizade louca que, eu sei, é para a vida toda.
         Daí foram dezenas de momentos loucos e declarações de amizades que dispensam qualquer palavra para selar a sinceridade. "Bora ali... Aline". "Cutijuba amanhã com pinduca". "Me pega aqui no Centur e bora na abelhuda engordar". "Cara, quarta em dobro no Dom Viscondi com o Jhon". "Onde tu ta?" "Dona noite... Batistaaaaaaaa..." "Todo mundo quer tirar foto conosco no Municipal..." "Ai, Clau, ele é lindo... Aline, olha que delícia!!" "Passa aqui, passa aqui e bora fazer qualquer coisa". "Clau, show do Nando (pela 5ª vez), pelo amor de Deus vamos". "Lulu, ah não, dor no estômago". "Por do sol no mormaço, estação". "Clau, nem sabes, ele quer voltar... tu não vais voltar (com uma faca na mão) eu não deixo". "Liga pra ele sua doida, vocês se amam e ele escreve tão bem, Clau". "To carente". "Corre, lá vem o ônibus". "Lá vem o Dalton". "Cara, te arruma e vamos pra Mosqueiro agora, o filhote tem que ir". "Gente, vamos ao aeroporto agora marcar nossa passagem". "Aline, abre essa janela do avião e deixa de medo". "Eras, não viajo mais com a Aline ela chora muito". "O que é heim? São 6h da manhã". "Ei, Acordalice hoje, vem pra cá, por favor!" "Ei, moleca, vamos a portinha tomar aquela sopa de camarão". "Você precisa ler aquele livro, imperdível". "Passa no teu cartão aí..." "Não fica assim amiga". "Para com isso, deixa de ser mimada". "Você está errada."
         Sábado ela me disse que nunca brigaríamos, porque resolvemos nossas diferenças na cara, secas, independente do que vai causar... 10 minutos depois está tudo resolvido. Tudo na paz do Senhor. E isso é fato: ela é uma das minhas extensões de vida... Uma das pessoas que eu preciso para sobreviver. Ela me respeita e me desrespeita. Ela me apresentou o melhor livro que já li (Meu nome é número 4). Chegou em casa e colocou "A Outra" um dos melhores filmes da minha vida. Me ligou dizendo que estava me esperando na porta do cinema com ingresso já comprado para assistirmos ao filme mais engraçado de nossas vidas (De pernas pro ar). Ela sabe que meu problea de tristeza se resolve com uma pizza. Ela sabe que é difícil me (des)convencer de uma decisão tomada, embora ela saiba que eu estou errada, só emocionalmente abalada. Ela sabe que sou cinéfila. Ela sabe de quem eu gosto, desgosto e sofro. Ela reclama de minha intensidade e eu de sua paciência e complacência, mas vez ou outra invertemos os papéis.
         Mas ela me da apoio nas minhas felicidades e fraquezas. Ela me consola e me devasta quando quer que eu passe vergonha. Mas ela é uma multidão de coisas que só me orgulham: é honesta, correta, feliz, sofre por amor, trabalhadora, digna, pra frente e livre. Ela independe da vontade e opinião dos outros para ser quem é. E acho que essas coisas sustentam nossa amizade.
         Eu amo a Claudiana (Marla, sem ciúmes, por favor!). Ela é minha parte que me faz forte. E o melhor de tudo, ela ama meu filhote, zela por ele e isso me deixa derretida.
Ela é tudo aquilo que me faz bem...
         Obrigada, amiga... e juro não te chamar mais daquele negócio que tu me chamastes quando meu chefe estava ao lado hehehehe

2 comentários:

  1. Puta merda, como é que tu lembravas disso tudo? Eu tava só rindo e de repente...quase choro (eu disse quase). Obrigada pelo todo e por todas partes, por ser tão parecida e tão diferente de mim, por me divertir tanto e quase me enlouquecer (porque a senhora não é normal). Se a gente um dia brigar, eu vou te escrotear! Que frescura é essa? Te dá o respeito, otária! Sério...valeu muito pelo texto em meu nome, eu não preciso repetir aqui tudo o que já já sabes, so preciso atualizar a quantidade: é über muito! Obrigada por toda essa energia desmedida e boa!

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Corajosamente vivendo...diga-me